“GOSTO DE ME OUVIR EM PORTUGUÊS”
A CANTORA DEIXOU PARA TRÁS O INGLÊS E LANÇA O SEU PRIMEIRO DISCO INTEIRAMENTE NA LÍNGUA MÃE. O NOVO TRABALHO CONTA COM LUÍSA SOBRAL. SEGUE-SE O PALCO EM VERSÃO INTIMISTA
Tendo em conta que há dois anos ganhou o Festival da Canção com ‘O Jardim’, um disco cantado em português era uma inevitabilidade no percurso da Isaura?
Sim, acho que sim, embora eu já pensasse fazer coisas em português muito antes do festival. Ele talvez tenha dado o empurrãozinho que faltava. Chegou uma altura em que achei que já tinha explorado muitas das coisas que queria em inglês e que fazia todo o sentido ver como corriam em português. Tinha de passar por esta experiência e o facto é que foi mais prazerosa do aquilo que eu achava que ia ser.
E como é que foi esse processo de composição em português?
Foi muito interessante. Fiz uma parceria comigo própria [risos]. A partir do momento em que decidi que ia fazer um disco em português assumi o compromisso comigo própria de não fazer absolutamente mais nada em inglês. Depois assumi um papel muito mais ativo na produção e rodeei-me de pessoas que me inspiram como a Luísa Sobral ou os Salto.
O conteúdo do que canta varia consoante escreva em inglês ou em português? Eu acho que o conteúdo não varia muito, porque as minhas canções são sempre muito biográficas ou então sobre coisas que eu observo à minha volta. Não gosto muito de inventar histórias. A forma como eu escrevo é que muda radicalmente. Não dá para escrever uma frase em inglês e traduzi-la para português. Ela vai sempre soar muito esquisita.
Neste disco, a Isaura continua fiel à sua sonoridade tão característica. Como é que sente que o português se encaixou nela? Eu acho que acabou por ser mais fácil do que pensava porque tenho uma forma muito particular de cantar. Eu comecei a aprender a tocar guitarra e a fazer as primeiras canções aos 11 anos, em português. Portanto, nada disto foi completamente novo.
Sentia que também havia expectativa das pessoas para ouvir mais coisas em português da Isaura depois do Festival? Sim, e essa foi uma expectativa que me deixou muito feliz.
E os comentários, que vêm de dentro e fora de Portugal, não podiam ser mais elogiosos. Há mesmo um brasileiro que escreve “Isaura divando em português” [Risos]. Sim, os comentários têm sido muito bons. A verdade é que eu também gosto muito de me ouvir em português. Nós podemos cantar em muitas línguas, mas a língua com que crescemos é sempre especial.
E agora, como vai passar este disco para o palco?
Este disco vai viver muito do palco. Eu sempre fiz concertos com banda, mas o novo espetáculo vai ser muito intimista. Eu sozinha em palco numa versão mais eletrónica.
“TINHA DE PASSAR POR ESTA EXPERIÊNCIA”