A Nacao

MpD em “stress”

- Daniel Almeida

O dossiê eleições presidenci­ais não está a ser fácil de gerir do lado do MpD. Há vários interessad­os na corrida e alguns, como Carlos Veiga e Hélio Sanches, preferiram fazer fuga em frente, colocando a cúpula ventoinha diante do facto consumado. É grande o receio de o dossiê presidenci­al atropelar o processo legislativ­o.

Depois de Hélio Sanches, deputado do MpD por Santiago Norte, ter manifestad­o, publicamen­te, a sua intenção de concorrer às eleições presidenci­ais, surgiu agora o antigo primeiro-ministro, Carlos Veiga, a afirmar o mesmo, no seu caso, com ou seu apoio do partido de que é fundador.

A afirmação de Veiga, feita na semana passada, conforme uma fonte bem posicionad­a, surge da recente afirmação do presidente do partido, Ulisses Correia e Silva: “Se não ganharmos as legislativ­as perderemos as presidenci­ais”.

O anúncio surgiu também depois de Veiga ver o seu nome surgir envolvido no escândalo do cônsul-honorário de Cabo Verde em Palm Coast, o português Caesar DePasso, ligado ao Chega, partido da extrema-direita portuguesa. Agastado com a situação, tratou de assumir a candidatur­a, ainda que o momento não fosse o mais indicado.

“Sou candidato às eleições presidenci­ais, mas sou candidato independen­te, apoiado provavelme­nte pelo MpD. Espero também por apoios de outros partidos”, disse, sublinhand­o entretanto que “com apoio ou sem MpD” será candidato.

Contudo, sabe o A NAÇÃO, uma ala do partido no governo mais próxima do extinto PCD não vê com bons olhos a candidatur­a de Veiga. Alegam que o mesmo goza de uma rejeição bastante apreciável na sociedade e que, além disso, tem o condão de fazer unir o PAICV contra os ventoinhas.

O candidato preferido dessa ala do PCD, que contou, nos úl

timos 10 anos, com Jorge Carlos Fonseca, uma das suas figuras de proa no centro do poder, prefere Jorge Santos como candidato oficial do MpD para as próximas presidenci­ais.

A isso somam-se alguns apoios de Santos junto de outros elementos da cúpula do poder, um deles o cunhado Fernando Elísio Freire.

Apanhado no meio de vários interesses, resta a Ulisses Correia e Silva, enquanto presidente do MpD, fazer a gestão dos interesses e apetites. Tanto assim que confrontad­o com a decisão de Veiga, limitou-se a considerar que se trata de uma “boa candidatur­a” e que no momento certo o MpD terá que se pronunciar sobre o assunto.

Entretanto, conforme um dos nossos interlocut­ores, ainda a propósito de Jorge Santos, este “pode pedir ao seu irmão (António Maurício) para lhe facultar as sondagens para ver como é que ele seria facilmente derrotado por José Maria Neves. A melhor coisa que o presidente da Assembleia Nacional pode fazer, neste momento, é tentar garantir esse cargo para mais um mandato”, aconselha a nossa fonte.

O deputado Milton Paiva, que, no início desta legislatur­a, tinha manifestad­o a sua intenção de concorrer nas próximas eleições presidenci­ais, remeteu-se ao silêncio depois da experiênci­a mal sucedida como candidato à Câmara Municipal de São Domingos.

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Milton Paiva

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