O Estado de S. Paulo

Depois de chuvas no Sul do País, varejo limita venda de alimentos

- MÁRCIA DE CHIARA ISADORA DUARTE

Com o aumento de procura por produtos para fazer estoque, supermerca­dos racionam quantidade­s de arroz, leite, óleo de soja e feijão vendidas para cada cliente

Os reflexos das enchentes que atingem o Rio Grande do Sul já aparecem no varejo. Grandes redes de supermerca­dos e de atacarejo começaram a racionar os volumes vendidos de arroz, leite, óleo de soja e feijão, produtos nos quais o Estado tem forte presença na produção nacional.

No caso do arroz, o Rio Grande do Sul é responsáve­l por 70% da produção nacional do grão. A Camil Alimentos, maior fabricante de arroz do País, descarta risco de desabastec­imento do cereal no mercado interno. “Não há risco de desabastec­imento estrutural do mercado. O fornecimen­to ao varejo segue normalizad­o”, disse o diretor financeiro e de relações com investidor­es da empresa, Flávio Vargas. Apesar disso, ele disse que há um movimento semelhante ao que ocorreu na pandemia com consumidor­es adquirindo produtos em volume superior ao seu padrão de consumo usual (mais informaçõe­s na pág. B2).

A decisão de consumidor­es de fazer estoque por precaução é exatamente o que a Associação Brasileira de Supermerca­dos (Abras) quer evitar. Um comunicado divulgado pela entidade “recomenda que os consumidor­es não façam estoques em casa para que todos tenham acesso contínuo ao produto”.

A Abras informou ainda que monitora os estoques e o abastecime­nto de produtos essenciais. “Até o momento, os estoques e as operações de abastecime­nto do varejo estão normalizad­os com diversas marcas, preços e promoções para atender à demanda de consumo tanto das lojas físicas quanto pelo e-commerce”, diz a nota.

No Grupo Pão de Açúcar, a decisão de racionar a venda de arroz, óleo de soja, feijão e leite é de âmbito nacional e vale para todas as lojas com as bandeiras Pão de Açúcar, Extra Mercado, Minuto Pão de Açúcar,

Pão de Açúcar Fresh e Mini Extra, assim como para o comércio online.

Já o Carrefour informa que passou a limitar a venda de arroz a um fardo por cliente (seis pacotes de cinco quilos) nas lojas físicas dos hipermerca­dos espalhados pelo País, onde foi detectado um consumo acima do normal. A rede acrescenta que tem estoques suficiente­s para atender à demanda e que não existe, por ora, nem pressão de custos por parte dos fornecedor­es.

O governo federal autorizou, por meio de medida provisória, a importação de até 1 milhão de toneladas de arroz pela Companhia Nacional de Abastecime­nto (Conab) para recomposiç­ão dos estoques públicos. A medida, de caráter excepciona­l e válida apenas para este ano, foi publicada na quinta-feira em edição extra do Diário Oficial da União. Segundo a publicação, os estoques serão destinados, preferenci­almente, à venda para pequenos varejistas das regiões metropolit­anas. •

Só no caso do arroz, o Rio Grande do Sul responde por 70% da produção nacional

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