O Estado de S. Paulo

Governo alemão condena onda de ataques a políticos

Ex-prefeita de Berlim é atacada em biblioteca, na terceira agressão contra autoridade­s da Alemanha em menos de uma semana

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O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, condenou ontem uma onda de ataques a políticos depois que Franziska Giffey, senadora e ex-prefeita de Berlim, foi atingida na cabeça com um objeto pesado em uma biblioteca pública. Foi a terceira agressão a uma autoridade em menos de uma semana. Franziska, membro do Partido Social-Democrata (SPD), de Scholz, ficou levemente ferida. A polícia prendeu o agressor, de 74 anos, identifica­do com a extrema direita.

“Os ataques a Franziska e a outros políticos são ultrajante­s e covardes”, disse Scholz. “A violência não faz parte do debate democrátic­o. Pessoas decentes e razoáveis estão claramente se posicionan­do contra isso – e elas são a maioria.”

O caso ameaça provocar uma crise na Europa à medida que se aproximam as eleições para o Parlamento Europeu, marcadas para o dia 6 de junho. Segundo pesquisas, partidos de extrema direita devem obter ganhos históricos na votação.

CARTA. Ataques semelhante­s foram registrado­s na Bélgica, Espanha, Suécia e Irlanda. Na Alemanha, os episódios são mais graves. No fim de semana, o eurodeputa­do Matthias Ecke foi agredido por quatro jovens de extrema direita, de 17 e 18 anos, em Dresden. Ele sobreviveu, mas teve de ser submetido a uma delicada cirurgia de emergência.

A violência fez com que partidos políticos da Europa publicasse­m uma carta condenando os ataques e pedindo que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, “rejeitasse qualquer normalizaç­ão, cooperação ou aliança com a extrema direita e partidos radicais”.

A carta foi assinada por cinco dos sete grupos do Parlamento Europeu (socialista­s, democratas, liberais, verdes e esquerdist­as) – os eurodeputa­dos se agrupam não por nacionalid­ade, mas em grupos políticos, em função de afinidades políticas.

Mas o Partido Popular Europeu (EPP), o maior bloco do Parlamento, que representa os conservado­res, se recusou a assinar, colocando Von der Leyen em uma saia-justa – ela é filiada à União DemocrataC­ristã (CDU), da centro-direita alemã, que faz parte do EPP.

O EPP reagiu, criticou os partidos políticos e a carta, rejeitando as insinuaçõe­s de que Von der Leyen pudesse trabalhar com a extrema direita, coisa que ela tem tido frequentem­ente de desmentir – ontem, ela repetiu o compromiss­o de não cooperar com os radicais.

A extrema direita deve obter ganho histórico nas eleições para o Parlamento Europeu, dia 6 de junho

“Devemos proteger todos aqueles que defendem a nossa democracia. Independen­temente de partido”, afirmou a presidente da Comissão Europeia. “Com os servos do Kremlin, os negacionis­tas da democracia e os extremista­s, não há Estado e tampouco União Europeia.”

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