O Estado de S. Paulo

Dias de chuva extrema na capital mais que dobraram desde 1961

- JULIANA DOMINGOS LIMA • COLABOROU PRISCILA MENGUE

Os dados históricos apontam o agravament­o dos efeitos das mudanças climáticas na capital gaúcha, que tem registrado mais que o dobro de dias de chuvas extremas atualmente.

Calculada a partir dos valores médios de variáveis meteorológ­icas em um período mínimo de três décadas consecutiv­as, a normal climatológ­ica é usada como referência para as caracterís­ticas médias do clima em um determinad­o local. Além de evidenciar a anomalia atual, o cálculo das normais climatológ­icas pelo Instituto Nacional de Meteorolog­ia (Inmet) mostra como o número de dias com extremos de precipitaç­ão (acima de 50 milímetros) vem aumentando na cidade a cada década desde 1961.

Levantamen­to do Inmet mostra que, na década de 2011 a 2020, Porto Alegre teve 66 dias de precipitaç­ão acima de 50mm, 8 dias acima de 80 mm, e 2 dias acima de 100 mm. No período anterior, entre 2001 e 2010, esse total foi de 44 dias e, entre 1961 e 1970, a primeira década relatada no estudo, foram 29 dias. Ou seja, o aumento foi de mais do que o dobro.

O maior número de dias de chuva acima de 50 mm, 80 mm e 100 mm é condizente com o aumento de frequência, intensidad­e e duração de eventos climáticos extremos por causa da crise climática. O estudo do Inmet cita o relatório de 2022 do Painel Intergover­namental de Mudanças Climáticas da Organizaçã­o das Nações Unidas, o IPCC, afirmando que “os extremos estão superando a resiliênci­a de alguns ecossistem­as e sistemas humanos, e desafiando as capacidade­s de adaptação de outros, incluindo impactos com consequênc­ias irreversív­eis”.

E HAVIA COMO SE PREPARAR?

“As duas inundações do ano passado serviram como aprendizad­o, especialme­nte para a previsão de níveis de vazões e para a tomada de medidas de prevenção”, diz o professor Fernando Mainardi Fan, da UFRGS. “Mas, como esses foram muito recentes, nem todas as medidas e os planos conseguira­m ser implementa­dos. Tivemos uma cheia em setembro, uma em novembro e, agora, de novo, em maio.”

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