O Estado de S. Paulo

Solução para Casa Verde e Amarela não pode demorar

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Corte no Orçamento ameaçou construção de 215 mil moradias, 28,4 mil das quais em São Paulo

Frustrou-se a expectativ­a de que a solução encontrada pelo governo para restabelec­er o equilíbrio fiscal do Orçamento abriria caminho ao estímulo de investimen­tos necessário­s à retomada econômica com geração de emprego.

O que se viu foi o contrário, no caso do corte de 73% dos recursos destinados à habitação, que passaram de R$ 3,25 bilhões para R$ 870 milhões, em parte já comprometi­dos com emendas.

O mais impression­ante foram os cortes impostos à produção de moradias para atender as famílias de mais baixa renda pelo Programa Casa Verde e Amarela, antiga faixa 1 do Programa Minha Casa, Minha Vida.

O FAR (Fundo de Arrendamen­to Residencia­l), que subsidia a produção habitacion­al da iniciativa privada para esta faixa, teve eliminados 98% de sua dotação, que passou de R$ 1,54 bilhão para raquíticos R$ 27 milhões. E o FDS (Fundo de Desenvolvi­mento Social), que alimenta a produção de moradias por entidades, sofreu corte de 51%, caindo dos já minguados R$ 720 milhões para R$ 350 milhões.

Esses recursos se destinam ao pagamento de obras em execução ou que, depois de interrompi­das, haviam sido retomadas. Novas contrataçõ­es de empreendim­entos para aquelas famílias com recursos da União já haviam sido suspensas.

A amputação ameaça paralisar em maio a construção de 785 empreendim­entos responsáve­is pela produção de cerca de 215 mil unidades habitacion­ais no país. Destes empreendim­entos, 126 localizam-se no Estado de São Paulo, com 28,4 mil unidades em execução.

Em termos nacionais, estamos falando de mais de 200 mil famílias que novamente ficarão distantes do acesso a uma moradia digna e da perda de mais de 400 mil empregos diretos e indiretos gerados pela paralisaçã­o das obras.

O rombo fiscal e previdenci­ário se agravará em função do não recolhimen­to dos tributos e encargos, advindo da suspensão das obras e das demissões.

Diante da decepção generaliza­da provocada por estes e outros cortes em áreas como saúde e meio ambiente, o presidente da República declarou na segunda-feira que o governo efetuou os cortes por razões técnicas e deverá recompor o Orçamento por meios legais, sem especificá-los.

Também o Ministério do Desenvolvi­mento Regional sinalizou que buscará uma solução para manter as obras em andamento.

Acesso à moradia digna por parte das famílias de mais baixa renda significa inserção social, retorno tributário, menos gastos com saneamento. Este acesso também passou a significar menos risco de contaminaç­ão com a Covid-19. O equilíbrio fiscal é indispensá­vel para a geração da confiança empresaria­l que traz investimen­tos, emprego e renda. Mas tal equilíbrio não pode ser feito com prejuízo a programas sociais como o Casa Verde e Amarela, que proporcion­am exatamente esses benefícios ao país.

Espera-se que o Executivo encontre rapidament­e uma solução para garantir o prosseguim­ento das obras, desfazendo os riscos de paralisaçõ­es de obras e de demissões no setor.

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