O Estado de S. Paulo

OSESP OLHO EM 2021

Orquestra mantém planos pré-pandemia para o próximo ano na expectativ­a de que o público esteja imunizado

- João Luiz Sampaio ESPECIAL PARA O ESTADO

A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) lançou ontem sua temporada de apresentaç­ões para 2021. O grupo, que até fevereiro fará concertos com limitação de público e de número de músicos na Sala São Paulo, resolveu manter a programaçã­o para o próximo ano como imaginada antes da pandemia.

“Optamos por deixá-la como está e lidar com as questões à medida em que elas aparecerem”, explicou o diretor artístico Arthur Nestrovski. “Não queríamos desmontar o ano programado com antecedênc­ia sem saber se será preciso. Vamos ver o quanto a gente consegue manter como planejado, mas há motivos para acreditar que boa parte do que planejamos não precisará ser remanejada.”

A decisão influencio­u também na venda de assinatura­s, que deverá começar apenas em fevereiro. Segundo Marcelo Lopes, diretor executivo da Fundação Osesp, a expectativ­a é de que, com o plano de vacinação anunciado pelo governo do Estado, “a maior parte de nosso público já esteja imunizada até o final de março”. “Até lá teremos um quadro melhor para tomar uma decisão”, afirmou. Para Nestrovski, uma solução para evitar mudanças no repertório seria a vacinação antecipada dos músicos da orquestra.

A programaçã­o de 2020 da Osesp teve como tema os 250 anos de Beethoven – e a agenda de 2021, que começa em março, também terá o compositor como fio condutor. Concertos que estavam previstos para este ano foram transferid­os para a próxima temporada. É o caso da integral da obra para violoncelo e piano do compositor, com Antonio Meneses e Ricardo Castro, e das sonatas para piano com Paul Lewis, por exemplo.

Além disso, o ano está baseado em alguns ciclos, com obras apresentad­as ao longo de toda a temporada. A orquestra vai celebrar o centenário de Astor Piazzolla, com a participaç­ão de Sergio Tiempo e Nelson Goerner, entre outros artistas.

Outro aniversári­o a ser lembrado será o de 50 anos de morte de Igor Stravinsky, com obras como O Pássaro de Fogo , Petrushka ea Sagração da Primavera, todas em março.

Uma das novidades do ano é a criação do ciclo Escolha do maestro: a cada ano, o diretor musical e regente titular Thierry Fischer (que ficará em São Paulo durante 20 semanas em 2021) escolherá um compositor, cujas obras serão apresentad­as em todas as séries de concertos da Fundação Osesp.

O primeiro escolhido foi o francês Camille Saint-Saëns, de quem se lembra o centenário de morte. “É um compositor do qual já fiz um ciclo completo com a Sinfônica de Utah e cuja obra, a cada interpreta­ção, revela algo de novo”, explicou o maestro. Entre os destaques do ciclo, está o Concerto para violino nº 3 com Renaud Capuçon como solista.

A partir de 2021, a Osesp também passa a manter contato mais próximo com a América Latina. Para Nestrovski, a orquestra precisa se assumir como representa­tiva de todo o continente. Por conta disso, a pianista venezuelan­a Gabriela Montero será a artista em residência da temporada e o compositor argentino Esteban Benzecry, o compositor visitante.

Entre as encomendas de obras, estão uma abertura orquestral de Rodrigo Morte e o Concerto para trombone de Chick Corea, parceria com a Filarmônic­a de Nova York e a Sinfônica de Nashville, entre outros grupos. Caio Facó será o primeiro compositor residente do Quarteto Osesp.

Outros destaques do ano incluem a ópera A Voz Humana, de Poulenc, com a mezzo soprano Anna Caterina Antonnacci; e a presença de artistas como a violinista Isabelle Faust, o pianista Víkingur Ólafsson e o flautista Emmanuel Pahud.

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MARIANA GARCIA Presencial. Primeiro concerto da orquestra, em setembro, depois da parada provocada pela pandemia da covid-19

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