Refém é morto em assalto a banco no PA
Quadrilha invadiu Cametá, a 235 km de Belém, fez reféns e explodiu agência. Um jovem foi morto na ação
Um grupo armado com fuzis assaltou uma agência bancária no município de Cametá, a 235 quilômetros de Belém, no nordeste do Pará, na madrugada de ontem. O quartel da Polícia Militar também foi alvo dos bandidos, na tentativa de impedir a reação policial. Um jovem usado como refém pelo bando, de 25 anos, foi atingido pelos criminosos e morreu no local. O episódio acontece um dia após um assalto similar em Criciúma, em Santa Catarina.
O crime contou com a participação de mais de 20 criminosos, que portavam armas de grosso calibre. A ação, que durou mais de uma hora, teve como alvo o Banco do Brasil. Segundo
as autoridades, os criminosos teriam explodido o cofre errado e fugiram sem levar nenhum valor. Além do refém morto pela quadrilha, outro morador foi atingido na perna por um disparo de arma de fogo e está internado sem gravidade.
Conforme testemunhas, a ação foi iniciada por volta das 23h30, quando os criminosos bloquearam a saída dos policiais militares do quartel da cidade. Algumas pessoas que foram feitas reféns acompanhavam uma partida de futebol pela TV no momento em que foram surpreendidas.
“A cidade estava silenciosa, aí do nada, muitos tiros, e as mensagens começaram a circular nas redes sociais, falando do assalto. Em casa, as crianças ouviram assustadas e até agora estão em pânico. As explosões foram muito fortes”, contou o autônomo Gerson Lopes, de 29 anos.
Após a noite de terror, a população de Cametá amanheceu apavorada. A comerciante Alvanete Crizanto, de 39 anos, diz nunca ter visto algo semelhante na cidade. “Parecia que era um filme de faroeste. Muitos tiros, gritos, barulho de vidro estourando”, relatou a moradora do Centro. “Em dez anos que estou morando aqui, nunca tinha presenciado nada parecido, ao contrário, a cidade fica mais movimentada na época do carnaval, e, sim, tem roubos frequentes, mas nada chega próximo ao que aconteceu nesta madrugada”, completou Alvanete.
O governo se comprometeu com reforço policial. “Nós vamos permanecer aqui com o Bope/core (unidades especializadas da Polícia Militar), com o núcleo de inteligência, com tudo o que há de especialidade, tanto da Polícia Militar, quanto da Polícia Civil, até que este crime seja elucidado”, disse o governador Helder Barbalho (MDB). “Além disto, nós estamos com dois helicópteros que ficarão aqui em Cametá pela peculiaridade local dos rios que precisam deste monitoramento para esclarecer este evento ocorrido aqui”, reforçou.
O comandante da PM na cidade, coronel Maurício, acompanha as investigações e afirma que não há, até o momento, a identificação concreta dos criminosos. “Ao que tudo indica, o bando não era da cidade, mas vinha estudando o comportamento das autoridades locais, o funcionamento das agências bancárias. Tudo foi feito de forma organizada, planejaram cada passo”, explicou. “Eles chegaram a fazer os reféns de escudo humano, bloquearam o acesso de saída da guarnição, e explodiram o Banco do Brasil”, acrescentou o oficial.
Durante as buscas, uma caminhonete que teria sido utilizada foi encontrada pelas equipes policiais no KM 15, na estrada que faz conexão com o município vizinho de Tucuruí. Dentro do veículo foram encontrados diversos explosivos.
Violência. Esse foi o terceiro ataque similar no Estado do Pará. Em janeiro, um caso aconteceu em Ipixuna, e em abril, em São Domingos do Capim. Dados do governo apontam que no ano passado ataques dessa natureza somaram 15 ocorrências e que, portanto, os registros estariam em queda na comparação com este ano. Em 2020, as autoridades relataram a prisão de 36 pessoas com suspeita de envolvimento em ocorrências da modalidade “novo cangaço”.
“Observando que tivemos 19 assaltos a banco em 2018, 15 assaltos a banco em 2019, e este é o terceiro assalto a banco, portanto, as ações de inteligência têm inibido e evitado que ações como esta, de quadrilhas especializadas em assalto a banco possam continuar agindo”, ressaltou Helder Barbalho.
O governador, no entanto, ponderou que a região não está “imune” a esse tipo de ataque. “Claro que nós não estamos imunes a um episódio dramático como viveu a população de Cametá, por isto que estamos com toda a estrutura para repreender e efetivamente fazer com que esta quadrilha possa ser presa e possa não mais estar em circulação, seja no Baixo Tocantins, seja em outras regiões do Estado.”
O ataque em Cametá repetiu as características da ocorrência em Criciúma. Um bando com dezenas de integrantes invadiu a cidade e atacou um banco após promover terror na região.