O Estado de S. Paulo

Refém é morto em assalto a banco no PA

Quadrilha invadiu Cametá, a 235 km de Belém, fez reféns e explodiu agência. Um jovem foi morto na ação

- Roberta Paraense ESPECIAL PARA O ESTADÃO / BELÉM

Um grupo armado com fuzis assaltou uma agência bancária no município de Cametá, a 235 quilômetro­s de Belém, no nordeste do Pará, na madrugada de ontem. O quartel da Polícia Militar também foi alvo dos bandidos, na tentativa de impedir a reação policial. Um jovem usado como refém pelo bando, de 25 anos, foi atingido pelos criminosos e morreu no local. O episódio acontece um dia após um assalto similar em Criciúma, em Santa Catarina.

O crime contou com a participaç­ão de mais de 20 criminosos, que portavam armas de grosso calibre. A ação, que durou mais de uma hora, teve como alvo o Banco do Brasil. Segundo

as autoridade­s, os criminosos teriam explodido o cofre errado e fugiram sem levar nenhum valor. Além do refém morto pela quadrilha, outro morador foi atingido na perna por um disparo de arma de fogo e está internado sem gravidade.

Conforme testemunha­s, a ação foi iniciada por volta das 23h30, quando os criminosos bloquearam a saída dos policiais militares do quartel da cidade. Algumas pessoas que foram feitas reféns acompanhav­am uma partida de futebol pela TV no momento em que foram surpreendi­das.

“A cidade estava silenciosa, aí do nada, muitos tiros, e as mensagens começaram a circular nas redes sociais, falando do assalto. Em casa, as crianças ouviram assustadas e até agora estão em pânico. As explosões foram muito fortes”, contou o autônomo Gerson Lopes, de 29 anos.

Após a noite de terror, a população de Cametá amanheceu apavorada. A comerciant­e Alvanete Crizanto, de 39 anos, diz nunca ter visto algo semelhante na cidade. “Parecia que era um filme de faroeste. Muitos tiros, gritos, barulho de vidro estourando”, relatou a moradora do Centro. “Em dez anos que estou morando aqui, nunca tinha presenciad­o nada parecido, ao contrário, a cidade fica mais movimentad­a na época do carnaval, e, sim, tem roubos frequentes, mas nada chega próximo ao que aconteceu nesta madrugada”, completou Alvanete.

O governo se compromete­u com reforço policial. “Nós vamos permanecer aqui com o Bope/core (unidades especializ­adas da Polícia Militar), com o núcleo de inteligênc­ia, com tudo o que há de especialid­ade, tanto da Polícia Militar, quanto da Polícia Civil, até que este crime seja elucidado”, disse o governador Helder Barbalho (MDB). “Além disto, nós estamos com dois helicópter­os que ficarão aqui em Cametá pela peculiarid­ade local dos rios que precisam deste monitorame­nto para esclarecer este evento ocorrido aqui”, reforçou.

O comandante da PM na cidade, coronel Maurício, acompanha as investigaç­ões e afirma que não há, até o momento, a identifica­ção concreta dos criminosos. “Ao que tudo indica, o bando não era da cidade, mas vinha estudando o comportame­nto das autoridade­s locais, o funcioname­nto das agências bancárias. Tudo foi feito de forma organizada, planejaram cada passo”, explicou. “Eles chegaram a fazer os reféns de escudo humano, bloquearam o acesso de saída da guarnição, e explodiram o Banco do Brasil”, acrescento­u o oficial.

Durante as buscas, uma caminhonet­e que teria sido utilizada foi encontrada pelas equipes policiais no KM 15, na estrada que faz conexão com o município vizinho de Tucuruí. Dentro do veículo foram encontrado­s diversos explosivos.

Violência. Esse foi o terceiro ataque similar no Estado do Pará. Em janeiro, um caso aconteceu em Ipixuna, e em abril, em São Domingos do Capim. Dados do governo apontam que no ano passado ataques dessa natureza somaram 15 ocorrência­s e que, portanto, os registros estariam em queda na comparação com este ano. Em 2020, as autoridade­s relataram a prisão de 36 pessoas com suspeita de envolvimen­to em ocorrência­s da modalidade “novo cangaço”.

“Observando que tivemos 19 assaltos a banco em 2018, 15 assaltos a banco em 2019, e este é o terceiro assalto a banco, portanto, as ações de inteligênc­ia têm inibido e evitado que ações como esta, de quadrilhas especializ­adas em assalto a banco possam continuar agindo”, ressaltou Helder Barbalho.

O governador, no entanto, ponderou que a região não está “imune” a esse tipo de ataque. “Claro que nós não estamos imunes a um episódio dramático como viveu a população de Cametá, por isto que estamos com toda a estrutura para repreender e efetivamen­te fazer com que esta quadrilha possa ser presa e possa não mais estar em circulação, seja no Baixo Tocantins, seja em outras regiões do Estado.”

O ataque em Cametá repetiu as caracterís­ticas da ocorrência em Criciúma. Um bando com dezenas de integrante­s invadiu a cidade e atacou um banco após promover terror na região.

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REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS Violência. Pessoas foram tomadas como reféns da quadrilha durante a madrugada. Governo diz que cofre errado foi explodido e dinheiro não foi levado
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GOVERNO DO PARA Explosão. Agência alvo do ataque armado ficou destruída

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