O Estado de S. Paulo

Ícone paulistano, Maksoud Plaza pede recuperaçã­o judicial

Dívidas da empresa giram em torno de R$ 120 milhões; hotel demitiu 50% da equipe no último dia 18

- / FERNANDO SCHELLER

Um dos símbolos da hotelaria paulistana, o Maksoud Plaza entrou com pedido de recuperaçã­o judicial para pagar suas dívidas, segundo comunicado divulgado pelo hotel e por sua controlado­ra, a Hidroservi­ce Engenharia. O valor total incluído na ação de recuperaçã­o judicial, protocolad­a na segunda-feira, é de pouco mais de R$ 81 milhões, mas os débitos totais, incluindo os trabalhist­as, chegariam a R$ 120 milhões, disse uma fonte próxima ao caso.

O hotel voltou a funcionar no último dia 4, após quase seis meses de portas fechadas por causa da pandemia. A taxa de ocupação, em função do esvaziamen­to do turismo de negócios, diz o comunicado da empresa, está por volta de 3% em São Paulo. Para cortar custos, a companhia diz ter demitido 50% dos seus funcionári­os no último dia 18. A notícia foi inicialmen­te revelada pelo Valor Econômico.

Polêmicas. O hotel é alvo de uma disputa familiar. A briga relativa à herança põe em cantos separados pai e filho: no caso

Henry Maksoud Neto e Roberto Maksoud. Documento assinado pelo avô deu ao neto os direitos sobre a herança. Mas os filhos do primeiro casamento de Henry Maksoud, Roberto e Cláudio, afirmam que a assinatura é falsa e o documento não tem valor legal – o que Maksoud Neto sempre negou.

Outro imbróglio envolve o edifício do Maksoud Plaza. Em 2011, por causa de uma dívida trabalhist­a da Hidroservi­ce, o imóvel – avaliado em cerca de R$ 400 milhões – foi a leilão judicial. Os empresário­s Fernando Simões e Jussara Simões, da Júlio Simões Logística (JSL), arrematara­m o prédio como pessoas físicas.desde então, iniciou-se uma briga pela propriedad­e. Em dezembro de 2019, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) considerou o leilão válido, mas a família continua a recorrer. A decisão foi ao TST porque o hotel foi a leilão por dívidas trabalhist­as.

Na petição da recuperaçã­o judicial, os advogados do Maksoud Plaza argumentam que a situação econômica da empresa vinha melhorando. O hotel, segundo o documento, faturou R$ 72,5 milhões em 2019, contra os R$ 36,8 milhões obtidos em 2013, na gestão anterior. A empresa diz ainda ter reduzido o total de processos trabalhist­as de mais de 400 para cerca de 30.

O Maksoud, que viveu seu auge nos anos 1980 e 1990, é o que restou de uma empresa muito maior. A documentaç­ão da recuperaçã­o judicial lembra que a Hidroservi­ce, originalme­nte uma empresa de engenharia, chegou a ter 10 mil trabalhado­res em seu auge.

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO - 11/1/2019 Efeito covid. Maksoud reabriu portas após 6 meses

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