Deputados podem decidir hoje impeachment de Witzel
Às vésperas da sessão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) que pode decidir, hoje, se abrirá ou não processo de impeachment, o governador afastado Wilson Witzel (PSC) descartou, pelo Twitter, que vá renunciar ao mandato. “Jamais renunciarei”, escreveu anteontem o ex-juiz, eleito em 2018 com um discurso de direita em que pregava linha dura com criminosos.
“Em 1 ano e 7 meses de gestão, fiz muito pelo Estado: salários em dia; ampliação dos programas de segurança; aumento da carga horária dos professores, investimentos robustos em ensino e pesquisa; dentre outras realizações”.
Ainda via Twitter, Witzel afirmou que a vida o “forjou nos desafios”. Alegou que foi um menino pobre, filho de uma doméstica e de um metalúrgico. “Resistirei”, anotou. “Politicamente, minha história está apenas começando. Juridicamente, minha absolvição e retorno imediato ao cargo no qual o povo me colocou é o único caminho possível.”
A comissão especial que investigou Witzel preliminarmente aprovou por unanimidade, na semana passada, o relatório pró-impeachment. O caso chega nesta quarta, 23, ao plenário da Alerj. Se aprovarem o texto, os 70 deputados afastarão Witzel e abrirão caminho para a cassação do mandato. O governador, porém, já está afastado temporariamente, por 180 dias, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em investigação sobre fraudes na Saúde.
Para que o plenário acate o entendimento da comissão e encaminhe o processo, são necessários 47 votos, que equivalem a dois terços da Casa. Witzel precisa ter 24 votos para se livrar, possibilidade distante, segundo deputados com conhecimento da Casa.
Com a aprovação do relatório, o Tribunal de Justiça seria notificado para oficializar o afastamento e, então, formar com a Alerj um tribunal misto para avaliar a cassação. Esse colegiado seria composto de cinco desembargadores e cinco deputados estaduais.
Witzel afirma que se defenderá presencialmente na sessão, que começa às 15h. Além das acusações de corrupção no governo, que já motivaram duas denúncias e o pedido de afastamento pelo Ministério Público Federal, o mandatário sempre teve relação conturbada com a Alerj. Isso também contribuiu para a abertura do processo de impeachment.