Não houve reação adversa com vacina chinesa, diz Doria
Governador diz esperar que ‘tudo corra bem’ com a pesquisa de Oxford e reforça ser preciso ter mais de um imunizante
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou ontem que os testes da fase 3 da vacina Coronavac, parceria do Instituto Butantã com a chinesa Sinovac Biotech, são positivos e que os voluntários não apresentaram ainda reações adversas. Esse é considerado um dos imunizantes cujas pesquisas estão mais avançadas.
“Nos testes que fizemos desde 21 de julho, há quase 50 dias, não registramos reação adversa significativa nos 9 mil voluntários. Os prognósticos são promissores e em breve teremos a vacina Coronavac para imunizar os brasileiros de São Paulo e de todo o país”, afirmou Doria.
Ele lamentou a suspensão de estudos da vacina de Oxford com a Astrazeneca, após suspeita de reação adversa grave em um dos voluntários. “Lamento a interrupção dos testes de Oxford e pessoalmente torço para que tudo corra bem. Nossa corrida não é para saber qual vacina chegará primeiro, mas uma corrida pela vida. Todas as vacinas que foram boas, testadas e aprovadas devem ser colocadas para a imunização da população. Não importa que seja inglesa, russa ou de outro país. O que importa é que seja testada e aprovada pela Anvisa”, disse.
Segundo o panorama das candidatas à vacina divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ontem, há 34 candidatas a imunizante em avaliação clínica, das quais nove estão na fase 3, incluindo a de Oxford e a Coronavac. Outras 145 estão em fase pré-clínica (in vitro).
Presidente do Instituto Butantã, Dimas Covas disse que a vacina em parceria com a Sinovac tem tecnologia diferente da de Oxford: é feita com o vírus inativado. E a interrupção do estudo de Oxford não interfere no que é feito com a Coronavac.
De acordo com Covas, mais de 4 mil voluntários já tomaram a 1ª dose da vacina. E já há voluntários que tomaram a 2ª dose. Até o fim de setembro, todos terão tomado as duas doses. Em 15 de outubro, haverá a análise de eficácia. “Se for demonstrada essa eficácia, a vacina poderá ser registrada na Anvisa. Em dezembro, o Butantã terá 46 milhões de doses para o Ministério da Saúde, que poderá iniciar o programa de imunização”, disse o presidente do Butantã.
Caberá ao ministério decidir como será o calendário e quais serão os grupos prioritários para imunização. “Temos condições de fornecer até maio do ano que vem até 100 milhões de doses”, afirmou Covas. “Sinceramente, gostaria que as outras vacinas também se desenvolvessem rapidamente.”
Doria afirmou também que só uma vacina não será capaz de imunizar todos os brasileiros e falou sobre a necessidade de ampliar a capacidade do Butantã. Em agosto, o governo paulista pediu ao menos R$ 1,9 bilhão da União para ampliar a previsão de entrega da Coronavac no próximo ano, de 60 milhões para 120 milhões de doses. Doria disse que o ministro interino, Eduardo Pazuello, “está sendo correto” e que não haveria motivos para uma negativa.