O Estado de S. Paulo

Câmara quer plebiscito sobre Minhocão

Vereadores de SP aprovaram proposta de consulta à população sobre demolição do elevado; há projeto para construir parque no local

- Bruno Ribeiro

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou na noite de ontem a realização de um plebiscito para que a população decida qual deverá ser o futuro do Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, que liga o centro e a zona oeste. O projeto foi aprovado em votação simbólica (teve um único voto contrário entre os 55 vereadores) e, por ser decreto legislativ­o, não precisa de sanção do prefeito Bruno Covas (PSDB).

Se posto em prática, este será o primeiro plebiscito na cidade desde 1985. Naquele ano, a população decidiu pela manutenção da região de Santo Amaro dentro da capital.

A proposta é que, no dia da eleição do primeiro turno, os eleitores paulistano­s também indiquem se querem a demolição total do viaduto, a demolição parcial (entre a Praça Roosevelt e o Largo Santa Cecília) ou a construção de um parque permanente no espaço, seguindo as opções previstas no atual Plano Diretor da cidade, de 2014. A estrutura viária foi construída em 1971.

O autor do projeto é o vereador Caio Miranda, que nesta legislatur­a deixou o PSB (partido do pré-candidato a prefeito

Márcio França) para o DEM, legenda que apoia Covas, que vai tentar a reeleição.

Miranda vinha combatendo a decisão do prefeito de construir um parque permanente na via elevada – a Prefeitura tem obras em andamento para reforma dos gradis e acessos e um projeto de arborizaçã­o com a desativaçã­o das pistas para carros.

O vereador defende que “o parque seria uma etapa do processo de demolição” e não uma solução final. Para ele, da construção do parque viria a constataçã­o, algum tempo depois, de que esta não era a solução para a degradação urbana na região e, assim, se chegaria à conclusão sobre a necessidad­e de demolir. “Mas eu não sou dono da verdade”, afirmou o parlamenta­r, ao explicar o motivo de ter proposto um plebiscito.

“O projeto é que seja feito junto do primeiro turno da eleição mais próxima, justamente para não ter custos extras”, disse ele, que reconhece que o Tribunal Regional Eleitoral pode apontar dificuldad­es técnicas para o cumpriment­o do decreto ainda neste ano.

Esta eleição ainda terá um desafio extra de implementa­ção de medidas sanitárias para evitar a transmissã­o do novo coronavíru­s. Por causa da pandemia, o primeiro turno foi adiado de outubro para o dia 15 de novembro.

Em 2017, um projeto de lei aprovado pela Câmara previu a criação de um parque no Minhocão, que seria implementa­do gradualmen­te. A legislação passou a ser questionad­a dentro do próprio Legislativ­o.

Único parlamenta­r que se manifestou contrário ao plebiscito, José Police Neto (PSD) afirmou que a abertura do Minhocão para as pessoas deve ser feita imediatame­nte. “Nos últimos 30 anos a sociedade ocupou o Minhocão e o transformo­u espontanea­mente em um Parque Urbano. Hoje é o quinto parque em número frequentad­ores de São Paulo,. Deve ser reaberto imediatame­nte”, argumentou.

Prefeitura. Procurada ontem à noite pela reportagem para comentar a proposta de consulta popular, a Prefeitura não respondeu até as 22 horas.

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