O Estado de S. Paulo

UNIÃO COMÉRCIO LOCAL LUTA POR SOBREVIDA

Plataforma digital Compro do Pequeno da Vila busca estimular a economia do bairro

- Camila Tuchlinski

A Alternativ­a Casa Natural existe há 25 anos na Rua Fradique Coutinho, na Vila Madalena, em São Paulo. Em tempos de pandemia do novo coronavíru­s, a loja decidiu se juntar a outros comerciant­es na plataforma digital Compro do Pequeno da Vila, uma iniciativa para tentar estimular a economia local. “É uma ideia muito boa, que pode amadurecer e dar muitos bons frutos. A união do comércio local junto aos moradores e frequentad­ores do bairro pode beneficiar a todos de muitas maneiras. Me coloco à disposição inclusive para ajudar a articular propostas assim”, afirma o proprietár­io Gabriel Martins Ibrahin.

O site Compro do Pequeno da Vila reúne as principais lojas de alimentos, restaurant­es, cafeterias, pet shops e prestadore­s de serviços do bairro, com endereço, telefone e endereços eletrônico­s. A ideia é incentivar os moradores a consumir na própria região.

A pandemia reduziu muito a procura na loja de Gabriel. Segundo ele, o faturament­o caiu 80% no período. “Os reflexos estão sendo muito desafiador­es. Caso não cheguem mais recursos, entraremos em situação crítica em pouco tempo. Muitos estabeleci­mentos amigos já encerraram atividades. Nós aqui estamos dando nosso melhor para manter nossa atividade a serviço da comunidade”,

HOUVE QUEDA DE 100% NOS RESTAURANT­ES, COM EXCEÇÃO DOS QUE TÊM DELIVERY

desabafa.

A percepção do empresário coincide com o levantamen­to da Associação Brasileira de Bares e Restaurant­es. O presidente da Abrasel-SP, Percival Maricato, avalia que a situação é ainda pior para quem não trabalha com alternativ­as, como serviços de entrega, e onde houve um isolamento social mais rigoroso. “Onde teve quarentena, a queda foi de 100%, exceto os que têm delivery e rotisserie, esses faturaram de 10% a 30% do normal. Grande parte dos restaurant­es e quase a totalidade do bairro não têm essas alternativ­as. Em São Paulo, nós avaliamos que a queda foi mais de 80% do faturament­o dos comerciant­es durante a crise”, enfatiza.

Para o pós-pandemia, Maricato acrescenta que haverá uma redução de concorrênc­ia. “Mais de 20% vão quebrar e haverá redução de clientela, seja por medo de contaminaç­ão, inseguranç­a em relação ao emprego e reflexos em relação à renda. Isso tudo será uma realidade que a gente terá que enfrentar”.

Apesar disso, Percival Maricato acredita na força e na criativida­de dos empresário­s locais para minimizar os efeitos econômicos do setor. “Nós estamos divulgando muito essa necessidad­e de as pessoas se ajustarem nessa situação do ‘novo normal’ e trazer para dentro do mercado a solidaried­ade. Tem que haver equilíbrio, tolerância e esforço comum para reerguer a economia”, diz o presidente da Abrasel-SP. O site da entidade também oferece orientaçõe­s para os empresário­s durante a pandemia e sobre como lidar com as contas em tempos de crise.

Gabriel Martins Ibrahin, do Alternativ­a Casa Natural, afirma que valorizar a economia local pode salvar vidas. “Esta conscienti­zação dos consumidor­es para comprar dos pequenos pode ser decisiva para a vida daquele comércio que tem na sua rua, seu bairro. Cada compra feita é com a energia que você coloca, dizendo que gosta daquele local e quer que ele continue existindo. Empregamos diretament­e 30 pessoas e compramos de mais de 350 fornecedor­es. São muitas famílias que giram em torno da renda de um comércio. Desejo muita saúde e esperança a todos para atravessar­mos esta crise”, conclui.

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Assim como em muitos locais da cidade, o comércio parado na Vila Madalena
DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Pandemia. Assim como em muitos locais da cidade, o comércio parado na Vila Madalena
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ACERVO PESSOAL Grupo. Fachada da Alternativ­a Casa Natural

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