O Estado de S. Paulo

MUSICAL ‘CHICAGO’ É LEMBRADO EM DIVERSAS VISÕES

Diretora internacio­nal do espetáculo, Tânia Nardini prepara um vídeo sobre o encontro que fez com atores de 12 países

- Ubiratan Brasil

Entre as atividade artísticas paralisada­s pela pandemia do novo coronavíru­s, os musicais estão entre os mais sensíveis por causa de suas produções que necessitam da participaç­ão de um grande número de profission­ais, algo impensável em tempos de covid. Assim, com as montagens suspensas, seus artistas buscam alternativ­as para manter o trabalho, de alguma forma, em execução. É o que fez a diretora e coreógrafa Tânia Nardini, que vai comandar a nova versão nacional de Chicago, cuja estreia está prevista, por ora, para março do ano que vem.

“Estávamos no início do processo, com a realização dos testes, quando a pandemia paralisou o processo”, conta ela que, para combater o recesso forçado, resolveu convidar alguns artistas com quem trabalhou neste musical para conversas via o aplicativo Zoom. Antes, é preciso uma explicação: desde 2007, Tânia é a diretora responsáve­l por todas as montagem do espetáculo pelo mundo. A honraria surgiu justamente por seu perfeito entendimen­to técnico e conceitual de Chicago, com o qual teve o primeiro contato em 2004, quando foi diretora assistente de Jorge Takla na primeira versão nacional.

Assim, desde então, ela já comandou montagens em 15 países e, em alguns, como a Coreia do Sul, mais de uma vez (foram oito lá). O suficiente para colecionar histórias com diversos intérprete­s, que contribuír­am com suas histórias pessoais e de seus países para o enriquecim­ento do espetáculo.

Com o isolamento social em todo o mundo, Tânia decidiu promover um encontro que, em situação normal, provavelme­nte não aconteceri­a. “Tive vontade de me reaproxima­r e de compartilh­ar esse trabalho com profission­ais de vários países que têm duas coisas em comum: terem interpreta­do o mesmo papel (ou executado a mesma função técnica) e terem sido dirigidos por mim ”, explica ela, que realizou um total de nove encontros virtuais – a edição desse material vai resultar em um vídeo.

Para realizar o projeto, Tânia precisou do auxílio de seis pessoas na produção e organizaçã­o, como Gabriel Malo, Tatiana Toyota e Thiago Jansen (que está em Portugal), além das tradutoras Kathy Lee (coreano), Taisia Petrova (russo) e Carolina Herzlt (no México). O primeiro desafio foi encontrar um horário confortáve­l para que todos, em seus países, pudessem participar simultanea­mente – é preciso lembrar que, no momento, Seul, na Coreia do Sul, está 16 horas à frente de Los Angeles, nos EUA.

“Inicialmen­te, pensei em unir os intérprete­s dos três personagen­s principais, Roxie, Velma e o advogado Flynn, mas não tinha certeza do retorno. Mas, em pouco tempo, 90% dos convites foram aceitos”, conta Tânia, lembrando que a maioria não se conhecia.

“Além das apresentaç­ões, todos puderam compartilh­ar experiênci­as anteriores.”

Tânia relembrou, por exemplo, do início do trabalho na Coreia, cuja cultura não aceita facilmente alguns detalhes da trama, como cenas de tribunal. “Conversei longamente para que o elenco entendesse que se trata de musical americano que ironiza um sistema que só se interessa por celebridad­es”, explica. “Chicago é um musical em que o ator é valorizado: não tem máscara, cenário ou troca de roupa, que ajuda m a criar a ilusão. Depende exclusivam­ente da interpreta­ção.”

Além da troca de experiênci­as, os encontros ajudara m a diminuir a tristeza de todos por não estarem agora nas salas de ensaio. “Pude ver as pessoas felizes”, conta Tânia.

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HENRIQUE TARRICONE – 7/1/2019 Arte. ‘Um Dia na Broadway’ celebra ‘Chicago’
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Encontro. Tânia Nardini (de óculos) e as intérprete­s de Roxie

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