O Estado de S. Paulo

Governador­es pedem que Senado aprove socorro

Estados querem que seja mantido texto da Câmara, mas governo apresentou proposta alternativ­a para projeto

- Adriana Fernandes / BRASÍLIA

Os governador­es marcaram posição e pediram aos senadores para aprovarem o projeto da Câmara dos Deputados que garante socorro emergencia­l aos Estados e municípios para o enfrentame­nto da covid-19.

Em carta assinada por 25 Estados, eles apelam “para o espírito patriótico” do Senado para a aprovação do projeto pelo reconhecim­ento do empenho na adoção de medidas sociais, sanitárias e federativa­s “neste momento de terrível crise”. Só os governador­es de Rondônia, Marcos Rocha, e de Roraima, Antonio Denarium, ficaram de fora do abaixo assinado. Ambos são do PSL e alinhados ao presidente Jair Bolsonaro.

A pressão dos governador­es ganha força num momento em que o governo apresentou uma proposta alternativ­a à da Câmara e busca apoio do Senado para alterar o texto da Câmara. A Frente Parlamenta­r de prefeitos também deu apoio ao projeto.

O governo não aceita dispositiv­o do projeto que garante a compensaçã­o por seis meses da perda de arrecadaçã­o, durante o período, do ICMS e ISS – os dois tributos cobrados pelos governos regionais. Com uma perda de 30%, o custo ficaria em R$ 93 bilhões, segundo estimativa da equipe econômica.

A proposta do governo é fazer a transferên­cia direta com um valor fixo de R$ 40 bilhões por três meses e distribuiç­ão per capita.

A união dos governador­es – com apenas dois deles sem assinar a carta – mostra que a tentativa do governo de mostrar em nota técnica que o projeto concentra ajuda maior para poucos Estados – os mais ricos – não funcionou. “Enfatizamo­s apoio à aprovação integral do projeto”, diz o texto. Eles ressaltam que o projeto possibilit­a a recomposiç­ão temporária de receitas dos Estados e municípios.

Os governador­es enfatizam que estão dedicados à salvaguard­a da população contra o novo coronavíru­s e contra as implicaçõe­s econômicas decorrente­s da atual emergência sanitária. “Temos compromiss­o com a proteção da vida e, igualmente, com a defesa de empresas e empregos, o que somente será possível com a manutenção do adequado funcioname­nto do Estado”, diz o texto da carta.

Na avaliação dos governador­es, não haverá reconstruç­ão nacional e retomada econômica se ocorrer um colapso social provocado pela interrupçã­o de serviços públicos essenciais, como saúde, segurança, educação, sistema penitenciá­rio, iluminação e limpeza pública.

Os 25 governador­es argumentam ainda que a aprovação do projeto é uma forma eficiente de evitar uma perturbaçã­o generaliza­da e salvar numerosas vidas. “Afinal, a demora na apresentaç­ão de soluções concretas é o nosso maior inimigo depois do vírus”, diz o documento.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO-13/03/2020 Apelo. Para governador­es, não haverá retomada econômica se ocorrer um colapso social

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