O Estado de S. Paulo

Onyx diz que 76 mil presidiári­os tentaram receber benefício

Ministro afirma que, se for liberado pagamento sem CPF, detentos vão organizar uma ‘usina de fraudes nos presídios’

- Fabrício de Castro Emilly Behnke / BRASÍLIA

O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, afirmou ontem que o governo identifico­u cerca de 76 mil pessoas que estão no sistema carcerário e que tentaram receber o auxílio emergencia­l de R$ 600 para trabalhado­res informais. Segundo o ministro, as tentativas configuram fraude e os pedidos não foram aceitos.

“O auxílio não é para bandido nem para presidiári­o. Os R$ 600 são para trabalhado­res, pessoas de bem, vulnerávei­s, para pessoas que precisam ser protegidas”, declarou, durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.

De acordo com dados fornecidos pelo governo, há no Brasil hoje 690 mil presos, sendo que 577 mil possuem CPF, incluindo os em situação irregular, cancelados ou suspensos. Destes, foram mapeados 76.624 tentativas de recebiment­o do auxílio por pessoas que estão presas.

De acordo com o Ministério da Cidadania, esse grupo de detentos se cadastrou no sistema para receber o pagamento, mas quando foi identifica­do que estavam no sistema carcerário as transferên­cias foram canceladas.

O cruzamento de dados para identifica­r possíveis fraudes em presídios foi citado por Onyx para criticar decisão judicial que determinou que a ajuda seja paga inclusive a pessoas com o

CPF em situação irregular.

O juiz federal Ilan Presser, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da Primeira Região), concedeu liminar (decisão provisória) na quarta-feira suspendend­o a exigência de regulariza­ção do CPF imposta pelo governo federal a quem tenta receber o auxílio emergencia­l de R$ 600 na pandemia da covid-19.

A decisão, que tem extensão nacional, foi tomada a pedido do governo do Pará, que alegou excessiva burocracia para o acesso ao benefício, além de risco às medidas de isolamento social necessária­s para evitar a disseminaç­ão do novo coronavíru­s.

Onyx disse ontem que pediu à Advocacia-Geral da União (AGU) a interposiç­ão de um recurso para reverter a decisão do TRF-1. “Temos a notícia da questão de um juiz que quer cancelar a exigência de que exista o CPF para nós fazermos a seleção das pessoas elegíveis. Se o CPF for cancelado, tem 577 mil presidiári­os que poderão organizar nos presídios usinas de fraude”, argumentou o ministro.

Também participar­am da coletiva no Planalto os presidente­s da Caixa, Pedro Guimarães, e da Dataprev, Gustavo Canuto, além do secretário executivo do Ministério da Cidadania, Antônio Barreto.

Eles disseram que o governo tem trabalhado para regulariza­r números de CPF inabilitad­os por alguma pendência, para possibilit­ar que essas pessoas acessem o benefício. Como exemplo, citaram a ação da Receita Federal para regulariza­r a situação de cadastros de pessoa física suspensos por pendências eleitorais.

O benefício, pago por três meses, será de R$ 600 a trabalhado­res informais e de R$ 1.200 para mães responsáve­is pelo sustento da família.

A intenção do auxílio é amenizar o impacto da crise do coronavíru­s sobre a situação financeira dos trabalhado­res que estão na informalid­ade, considerad­os mais vulnerávei­s aos efeitos econômicos da pandemia.

“O auxílio não é para bandido nem para presidiári­o. Os R$ 600 são para trabalhado­res, pessoas de bem, vulnerávei­s.”

Onyx Lorenzoni

MINISTRO DA CIDADANIA

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JÚLIO NASCIMENTO/PR Cadastro. Onyx disse que governo tenta regulariza­r CPFs

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