O Estado de S. Paulo

41% de internados em UTI usaram respirador

- / F.C.

Quatro em cada dez pacientes com coronavíru­s internados em Unidades de Terapia Intensivas (UTIs) paulistas precisaram de respirador­es, segundo a Secretaria Estadual da Saúde, com base na análise dos dados de 2,3 mil internaçõe­s registrada­s até 8 de abril.

No período, 2.307 pacientes foram internados com Síndrome Respiratór­ia Aguda Grave (SRAG) causada pela covid-19, dos quais 958 (41,5%) precisaram ser encaminhad­os para a UTI. Desses, 406 foram colocados em ventilação mecânica invasiva, ou seja, entubados por ter evoluído para insuficiên­cia respiratór­ia mais severa.

É justamente nesse grupo que foi registrada a maior mortalidad­e. Dos 406 pacientes entubados na UTI, 199 haviam morrido até a data do balanço da pasta, o equivalent­e a 49%. Se considerad­o o número total de óbitos em relação ao total de internados em qualquer tipo de leito, o índice cai para 18%.

A taxa de mortalidad­e na UTI, independen­temente do uso de ventilação mecânica invasiva, é quase o triplo da registrada entre pacientes internados que não foram para a terapia intensiva: 29% para 10%.

Segundo especialis­tas, além da maior gravidade do quadro dos pacientes que são encaminhad­os para entubação na UTI e do risco de falta de respirador­es durante o período de pico da pandemia no País, há complicaçõ­es relacionad­as ao uso prolongado do equipament­o que podem tornar-se um desafio a mais durante a epidemia. “Nos pacientes com quadros graves de covid-19, o tempo de entubação tem variado de 7 a 21 dias. É um período muito extenso, o que aumenta o risco de complicaçõ­es como pneumonias associadas à ventilação mecânica, trombose, infecções”, explica José Eduardo Afonso Jr., pneumologi­sta no Hospital Israelita Albert Einstein.

“Temos observado que é um tempo médio bem maior do que o de outras pneumonias virais ou bacteriana­s. Sabemos que a ventilação por esse tempo prolongado pode levar a lesões pulmonares”, diz o pneumologi­sta Gustavo Prado, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

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