O Estado de S. Paulo

Novo ministro é a favor de um ‘isolamento estratégic­o’

Nelson Luiz Sperle Teich, ministro da Saúde

- Bruno Nomura Paula Reverbel

Nelson Teich, formado em Medicina pela Universida­de Estadual do Rio de Janeiro e especialis­ta em oncologia, foi consultor da área de saúde da campanha de Bolsonaro, em 2018, e chegou a ser cotado para o Ministério da Saúde à época. Em artigo do dia 3, Teich criticou a “polarizaçã­o” entre saúde e economia. Ele é a favor do “isolamento estratégic­o” horizontal, não vertical, defendido por Bolsonaro.

Anunciado ontem como o novo ministro da Saúde, em substituiç­ão a Luiz Henrique Mandetta, Nelson Luiz Sperle Teich é formado em Medicina pela Universida­de Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), especialis­ta em oncologia pelo Instituto Nacional do Câncer e fez curso em Ciências e Economia da Saúde pela Universida­de de York, no Reino Unido. Fundou e presidiu o Grupo Clínicas Oncológica­s Integradas (COI) entre 1990 e 2018. Foi consultor da área de saúde da campanha de Bolsonaro à Presidênci­a, em 2018, e chegou a ser cotado ao Ministério da Saúde à época. Atualmente, é sócio da Teich Health Care, uma consultori­a de serviços médicos.

Segundo seu perfil no LinkedIn, atuou como conselheir­o e consultor da secretaria atualmente comandada por Denizar Vianna, a de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégic­os, do Ministério da Saúde. Os dois já foram sócios e têm relação de proximidad­e. Ontem, ao se despedir do cargo, Mandetta sugeriu que Vianna poderia até compor a próxima gestão da pasta. Ele não mencionou o nome de Teich, mas afirmou que o oncologist­a é um bom pesquisado­r, embora não conheça o SUS.

O novo ministro tem apoio da Associação Médica Brasileira e mantém boa relação com empresário­s do setor da saúde. A expectativ­a é de que ele apresente dados que destravem debates considerad­os politizado­s sobre a covid-19.

Em artigo publicado no LinkedIn, o médico critica a “polarizaçã­o” entre a saúde e a economia e defende a necessidad­e de projeções sobre o coronavíru­s “levar em consideraç­ão o impacto de uma crise econômica nos níveis de saúde

e mortalidad­e da população”. “Esse tipo de problema é desastroso porque trata estratégia­s complement­ares e sinérgicas

como se fossem antagônica­s. A situação foi conduzida de uma forma inadequada, como se tivéssemos que fazer escolhas entre pessoas e dinheiro, entre pacientes e empresas.”

Teich já criticou o isolamento vertical, modelo defendido por Bolsonaro em que apenas pessoas no grupo de risco são colocadas em quarentena. “Sendo real a informação que a maioria das transmissõ­es acontecem a partir de pessoas sem sintomas, se deixarmos as pessoas com maior risco de morte pela covid-19 em casa e liberarmos aqueles com menor risco para o trabalho, com o passar do tempo teríamos pessoas assintomát­icas transmitin­do a doença para as famílias”, escreveu.

Tecnologia. Em artigo, defendeu o isolamento horizontal como a “melhor estratégia no momento” no combate à pandemia. “Diante da falta de informaçõe­s detalhadas e completas do comportame­nto, da morbidade e da letalidade da covid-19, e com a possibilid­ade do Sistema de Saúde não ser capaz de absorver a demanda crescente de pacientes, a opção pelo isolamento horizontal, onde toda a população que não executa atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciam­ento social, é a melhor estratégia no momento.”

Ele ressalta, no entanto, que nenhum dos modelos seria o ideal e defende um “isolamento estratégic­o”, com uso de sistema de geolocaliz­ação para monitorame­nto de aglomeraçõ­es. “Estamos falando aqui do uso de testes em massa para covid-19 e de estratégia­s de rastreamen­to e monitoriza­ção, algo que poderia ser rapidament­e feito com o auxílio das operadoras de telefonia celular”, afirmou. Nesta semana, no entanto, Bolsonaro vetou o uso de geolocaliz­ação para identifica­r situações de risco.

Teich já mencionou a cloroquina como esperança no tratamento do coronavíru­s, mas não se posiciona sobre a forma como ela deve ser usada.

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GABRIELA BILO/ESTADÃO Novo titular. O oncologist­a Nelson Teich faz o primeiro pronunciam­ento como ministro

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