O Estado de S. Paulo

Ceará tem 100% dos leitos de UTI ocupados

Governo prevê 250 mortes por dia apenas em Fortaleza e já comprou 15 mil túmulos, prevendo a demanda

- Lôrrane Mendonça / FORTALEZA ESPECIAL PARA O ESTADO

Estado nordestino com o maior número de casos confirmado­s de covid-19, o Ceará já não tem mais leitos de UTI disponívei­s e o governo prevê que a capital, Fortaleza, registrará 250 mortes pelo novo coronavíru­s por dia, a partir de maio. O Estado já comprou 15 mil novos túmulos para dar conta da demanda de óbitos.

O desafio em oferecer o maior número de leitos hospitalar­es possíveis cresce no Estado, tanto em Fortaleza, que concentra o maior número de confirmaçõ­es, quanto no interior. Segundo o Secretário do Estado de Saúde, Dr. Cabeto, esse é o ponto que mais preocupa as autoridade­s médicas. “Nosso sistema público não tem mais leito de UTI, acabou”, disse.

A situação em relação a equipament­os também é preocupant­e. “Embora estejamos esperando uma compra da China, que prometeu 200 respirador­es, eu fui informado de que não vamos receber nenhum. E os equipament­os de proteção individual, que são máscaras, viseiras e luvas, essenciais para os profission­ais de saúde, só temos cinco dias de estoque.”

Cabeto alerta para a possibilid­ade de colapso do sistema de saúde do Ceará em maio. “Nós devemos chegar na próxima semana com uma mortalidad­e em torno de 10%.” O governador Camilo Santana (PT) diz que o Estado está tentando realizar a compra de respirador­es “em qualquer canto”. “Conseguimo­s adquirir alguns que já haviam sido pagos aqui no Brasil, conseguimo­s consertar outros que estavam quebrados. Mas a compra de novos equipament­os tem sido um desafio.”

Até agora, o Estado assumiu a gestão de dois hospitais particular­es. O Leonardo da Vinci, que já está ativo e dispõe de 230 leitos para pacientes com a covid19, e o Hospital Batista, que vai oferecer 131 leitos, 7 de UTI.

Em todo o Ceará há 120 pacientes internados em UTIs, um cresciment­o de quase 10 leitos por dia. De acordo com Camilo Santana, a meta é expandir para 600 novos leitos de UTI em todo o Estado. Em Fortaleza, a prefeitura está construind­o um hospital de campanha, mas, inicialmen­te, a unidade não receberá pacientes graves.

Santana pede que a população procure as unidades de saúde nos primeiros cinco dias de aparecimen­to dos sintomas. A explicação para a falta de UTIs é que as pessoas estão chegando aos hospitais em situação muito grave, tendo de ser encaminhad­as diretament­e para UTIs.

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JARBAS OLIVEIRA/ESTADÃO Leonardo da Vinci. Estado assumiu gestão de particular­es

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