O Estado de S. Paulo

Bolsonaro demite Mandetta e ataca Maia: ‘Péssima atuação’

Presidente nomeia para o Ministério da Saúde Nelson Teich, que diz ter ‘alinhament­o completo’ com o Planalto

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O presidente Jair Bolsonaro demitiu Luiz Henrique Mandetta e nomeou para o Ministério da Saúde o oncologist­a Nelson Teich. A mudança ocorre após semanas de divergênci­as entre Bolsonaro e Mandetta em torno do combate ao novo coronavíru­s. Houve panelaços de protesto em SP, RJ e Brasília. Teich disse haver “um alinhament­o completo” com o presidente. Afirmou que não pretende fazer mudanças bruscas na política da pasta, mas indicou que não deve contrariar a retórica em favor da flexibiliz­ação do isolamento social: “Saúde e economia: as duas coisas não competem entre si”. Os presidente­s da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), divulgaram nota conjunta sobre a troca na Saúde. Bolsonaro insinuou que Maia trama contra o seu governo. “O Brasil não merece o que o senhor Rodrigo Maia está fazendo. Péssima tua atuação”, disse à CNN. O deputado reagiu: “O presidente ataca com um velho truque da política. Com a demissão, ele quer mudar o tema”, disse. “Ele joga pedras. O Parlamento vai jogar flores.”

Opresident­e Jair Bolsonaro demitiu ontem o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e anunciou o oncologist­a Nelson Teich como novo titular da pasta. A mudança ocorre após semanas de desavenças entre o presidente e seu auxiliar em torno da diretriz das políticas públicas de combate à pandemia do novo coronavíru­s. Apoiado pela Associação Médica Brasileira, Teich se reuniu com Bolsonaro antes de ser confirmado como novo ministro e disse que “existe um alinhament­o completo” entre ele e o presidente. Afirmou que não pretende fazer qualquer mudança brusca na política da pasta, mas indicou que não deverá contrariar a retórica de Bolsonaro em favor da flexibiliz­ação das medidas de isolamento social e da retomada do comércio e da atividade econômica. “Saúde e economia: as duas coisas não competem entre si.”

O novo ministro vai assumir o comando do ministério em um cenário de previsões negativas: o ponto mais alto da curva de infectados e de sobrecarga do sistema de saúde ainda está por vir.

Remanescen­te do Ministério original montado por Bolsonaro no início de seu governo, Mandetta foi exonerado 49 dias após o registro do primeiro caso do novo coronavíru­s no Brasil. Até ontem, em todo o País, o número de mortes de pessoas infectadas pela doença chegou a 1.924, com um total de 30.425 casos. Somente nas últimas 24 horas, foram 2.105 novos casos da covid-19 e 188 óbitos. O agora ex-ministro se despediu dos funcionári­os da pasta com um discurso emocionado, no qual afirmou: “Não tenham medo, não façam um milímetro do que acham que não deveriam fazer”.

O anúncio de sua demissão provocou panelaços no fim da tarde de ontem em bairros de São Paulo, Rio e Brasília. Com o semblante abatido e a fala pausada, Bolsonaro tratou a saída de Mandetta como um “divórcio consensual”, apesar das divergênci­as públicas e da queda de braço que protagoniz­aram nos últimos dias. Após a demissão, ele confrontou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), insinuando que o parlamenta­r trama contra a sua gestão. “Ele quer atacar o governo federal, enfiar a faca. Parece que a intenção é me tirar do governo”, afirmou em entrevista à CNN.

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GABRIELA BILÓ / ESTADÃO Desafio. Bolsonaro e Nelson Teich, que assume o Ministério da Saúde antes do pico das infecções e da possível sobrecarga do sistema de saúde

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