Após voucher, salões apostam em delivery de produtos
Negócios de beleza entregam em domicílio tintura para cabelo e até xampu; cabeleireiros fazem tutoriais nas redes
O período de isolamento social tem feito com que os negócios da área da beleza precisem se reinventar. Nas primeiras semanas de quarentena, um dos primeiros movimentos foi a adoção de vouchers pré-pagos. Agora, muitos também apostam no delivery de produtos e na assistência remota às clientes.
A unidade do salão Jacques Janine no Morumbi, em São Paulo, aderiu ao delivery de tintura para os cabelos. “Acho que (vender voucher) é empurrar o problema para frente. E as clientes aguentam ficar sem escovar e hidratar, mas sem tingir o cabelo é difícil. Se os restaurantes podem atender em delivery, eu também posso”, conta o dono da unidade, Roger Ajouri.
Desde que iniciou o delivery, há 20 dias, Roger vai sozinho de três a quatro vezes na semana ao salão, recolhe os pedidos, liga para os cabeleireiros para saber os tons das clientes e prepara a coloração. Na hora de buscar, o comprador pode optar por um motoboy, motorista ou ir até o local e receber o pedido dentro do carro. “Na primeira compra, eu mando um pote e um pincel. Se não tem luvas e capa de plástico, eu também ofereço essas opções”, conta. A explicação sobre como aplicar a tintura vai por WhatsApp.
Como não tem a mão de obra da aplicação, os valores dos serviços são reduzidos. Uma coloração que custaria R$ 250 sai por cerca de R$ 150. Os cabeleireiros do salão recebem metade do valor pago por suas clientes. Até agora, foram 41 pedidos.
Com unidades em Porto Alegre e em São Paulo, o salão Cubo também aderiu ao delivery. Além de oferecer a coloração, eles também entregam produtos de revenda, como xampu, condicionador e máscara capilar. Os pedidos são recolhidos por WhatsApp e entregues via motoboy ou bicicleta.
“A gente fez vídeos no Instagram para ensinar a retocar a raiz, como cortar franja e aparar a barba. Está sendo uma ótima forma de nos manter presentes na vida dos clientes”, diz Jonathas Diniz, um dos sócios.
Vouchers pré-pagos. O salão Cubo também tem usado a venda de vouchers pré-pagos para ajudar a manter o fluxo de caixa. Elas são feitas pela plataforma #Todospresentes, criada pela startup Todo Cartões para auxiliar empreendedores durante a pandemia. O cadastro é gratuito para pequenos negócios.
No site, o cliente do Cubo pode escolher qual profissional quer beneficiar com o voucher, que vai de R$ 50 a R$ 200. Como bônus, o comprador ganha 20% de desconto para usar em outro serviço. “Foi a melhor alternativa pensando nos profissionais que não têm como receber.”
A L’Oréal Produtos Profissionais, em parceria com a Trinks (plataforma de gestão) e a fintech Stone, criou a campanha Beleza Amiga. No site, os clientes podem comprar vouchers de R$ 50, que serão revertidos em serviços após a quarentena. Até o fechamento desta edição, eram 900 salões cadastrados. A expectativa é que mais de 2.500 participem em todo o Brasil.
A ideia dos vouchers também foi adotada pela Singu, plataforma que oferece serviços de estética em casa, como manicure, e emprega cerca de 5 mil colaboradoras. Desde março, os clientes podem comprar pacotes de R$ 40 a R$ 1.047, e ter descontos de 5% a 20%. Com o dinheiro, a Singu antecipa o pagamento das colaboradoras. Na última semana a empresa retomou o atendimento domiciliar com as profissionais com menos de 40 anos de idade. Segundo a Singu, a medida foi tomada após coletiva do governador João Doria em 31 de março autorizando a prática.
“A gente fez vídeos no Instagram para ensinar a retocar a raiz (do cabelo), como cortar franja e aparar a barba”
Jonathas Diniz
SÓCIO DO CUBO