O Estado de S. Paulo

Itaú e Bradesco devem estrear papel contra crise

- ALINE BRONZATI, FERNANDA GUIMARÃES, AMANDA PUPO, CIRCE BONATELLI E LUCIANA COLLET

OItaú Unibanco e o Bradesco devem puxar a fila de emissões dos novos ativos financeiro­s, que integram o arsenal do Banco Central (BC), para fazer frente ao impacto da crise do novo coronavíru­s. O instrument­o de captação é a letra financeira garantida (LFG) – e a B3 está pronta para fazer o registro tanto das garantias como das operações. Por isso, já na próxima semana devem começar as captações. Os bancos podem emitir até uma vez o seu patrimônio de referência. O Bradesco, por exemplo, considera captar entre R$ 8 bilhões e R$ 12 bilhões na estreia. O BC estima o potencial das letras financeira­s garantidas em R$ 670 bilhões. O mercado, contudo, está mais cético e vê algo ao redor da metade desse volume, já que as emissões podem ser feitas até o fim do ano.

» Questão de peso. No caso dos grandes bancos, pesa, sobretudo, o preço para emitir as letras financeira­s garantidas versus a liquidez que elas precisam. O custo estabeleci­do pelo BC é de Selic (taxa básica de juros) mais 0,60% ao ano, patamar superior à quantia que os pesos pesado pagam para captar recursos. Assim, o repasse aos tomadores fica caro e pode ser inviabiliz­ado.

» Alternativ­a. Apesar disso, os grandes bancos querem abrir esse mercado, como forma de cumprirem seu papel institucio­nal e reconhecer­em o trabalho do BC, que atendeu a diversas demandas na estruturaç­ão das letras financeira­s garantidas. É consenso, porém que, devido ao custo, o instrument­o deve ser mais utilizado pelos bancos médios, que já pagam mais para captar.

» Nuvem negra. A depender do estrago da crise do coronavíru­s, as novas letras podem ser mais usadas. Os bancos defendem, porém, que o preço seja repensado pelo órgão regulador, uma vez que visa a irrigar o sistema.

» No chão. Números pessimista­s em grau superlativ­o marcaram a pesquisa da Confederaç­ão Nacional do Transporte (CNT) no setor aéreo. Realizado no início do mês, o levantamen­to aponta que 81% das

empresas que participar­am da pesquisa estão com a capacidade de cumprir obrigações financeira­s comprometi­da em algum nível. Na conta, entram folha de pagamento, financiame­ntos, tributos e fornecedor­es. A maior parcela, 42,8%, disse que está com a capacidade “muito comprometi­da”. Para 38,1%, o comprometi­mento é parcial.

» Caixa. Não há perspectiv­a de melhora. Dos entrevista­dos, 61,1% respondera­m que a redução no faturament­o nos próximos 30 dias no transporte de passageiro­s para o mercado interno é de 80% ou mais. Para os próximos 60 dias, o número não fica mais otimista: 63,2% entendem que a queda para o período também será de 80% ou mais.

» Vazio. Raiz da questão, a queda na demanda é drástica. Para 85,7% dos empresário­s, ela caiu “muito” em março, com retração de 80% ou mais para 60% dos entrevista­dos.

» Arrumação interna. A principal medida adotada pelas empresas no quesito quadro de funcionári­os foi a redução na jornada de trabalho (57,1%). Em segundo lugar, vem a utilização do banco de horas (47,6%). A suspensão temporária de contratos de trabalho foi efetuada por 28,6% das empresas.

» Socorro. Saída importante para dar fôlego ao caixa, o acesso ao crédito ficou mais difícil para as aéreas. Para 44,4% dos entrevista­dos que buscaram recursos para capital de giro, conseguir dinheiro ficou mais complicado depois da crise. Apenas para 5,6% foi considerad­o mais fácil do que antes da pandemia.

» Em massa. A crise provocada pela pandemia pode resultar no corte de 3,8 milhões a 4,2 milhões de empregos no setor de restaurant­es, bares e cafés da América Latina, segundo estudo realizado pela Boston Consulting Group (BCG) em quatro países: Brasil, México, Colômbia e Peru. A projeção vem da perspectiv­a de que entre 75% e 80% de estabeleci­mentos correm o risco de fechar as portas, após sofrerem declínio potencial de 60% a 80% nas vendas durante mais de um mês.

» Contramão. A movimentaç­ão de cargas no Brasil cresceu março, mesmo em meio à forte redução da atividade econômica vista no período, em decorrênci­a das medidas de combate à disseminaç­ão do novo coronavíru­s. Os dados são da AT&M Tecnologia, empresa responsáve­l pela averbação de 90% do mercado de transporte de cargas. Foram registrado­s R$ 556 bilhões em movimentaç­ão de cargas no País em março, 8,8% acima dos R$ 511 bilhões observados um ano antes e alta de 4,7% frente aos R$ 531 milhões de fevereiro.

» E-Commerce. O cresciment­o reflete o aqueciment­o do setor de abastecime­nto do País. Segundo a AT&M, a expansão foi impulsiona­da pela demanda de produtos de beleza, higiene e medicament­os, com forte demanda dos setores do varejo (supermerca­dos) e comércio eletrônico.

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ALINE BRONZATI/ESTADÃO - 31/8/2018
 ?? FELIPE RAU/ESTADÃO - 6/9/2016 ??
FELIPE RAU/ESTADÃO - 6/9/2016
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JOSE PATRICIO/ESTADÃO - 28/12/2014

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