Itaú e Bradesco devem estrear papel contra crise
OItaú Unibanco e o Bradesco devem puxar a fila de emissões dos novos ativos financeiros, que integram o arsenal do Banco Central (BC), para fazer frente ao impacto da crise do novo coronavírus. O instrumento de captação é a letra financeira garantida (LFG) – e a B3 está pronta para fazer o registro tanto das garantias como das operações. Por isso, já na próxima semana devem começar as captações. Os bancos podem emitir até uma vez o seu patrimônio de referência. O Bradesco, por exemplo, considera captar entre R$ 8 bilhões e R$ 12 bilhões na estreia. O BC estima o potencial das letras financeiras garantidas em R$ 670 bilhões. O mercado, contudo, está mais cético e vê algo ao redor da metade desse volume, já que as emissões podem ser feitas até o fim do ano.
» Questão de peso. No caso dos grandes bancos, pesa, sobretudo, o preço para emitir as letras financeiras garantidas versus a liquidez que elas precisam. O custo estabelecido pelo BC é de Selic (taxa básica de juros) mais 0,60% ao ano, patamar superior à quantia que os pesos pesado pagam para captar recursos. Assim, o repasse aos tomadores fica caro e pode ser inviabilizado.
» Alternativa. Apesar disso, os grandes bancos querem abrir esse mercado, como forma de cumprirem seu papel institucional e reconhecerem o trabalho do BC, que atendeu a diversas demandas na estruturação das letras financeiras garantidas. É consenso, porém que, devido ao custo, o instrumento deve ser mais utilizado pelos bancos médios, que já pagam mais para captar.
» Nuvem negra. A depender do estrago da crise do coronavírus, as novas letras podem ser mais usadas. Os bancos defendem, porém, que o preço seja repensado pelo órgão regulador, uma vez que visa a irrigar o sistema.
» No chão. Números pessimistas em grau superlativo marcaram a pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) no setor aéreo. Realizado no início do mês, o levantamento aponta que 81% das
empresas que participaram da pesquisa estão com a capacidade de cumprir obrigações financeiras comprometida em algum nível. Na conta, entram folha de pagamento, financiamentos, tributos e fornecedores. A maior parcela, 42,8%, disse que está com a capacidade “muito comprometida”. Para 38,1%, o comprometimento é parcial.
» Caixa. Não há perspectiva de melhora. Dos entrevistados, 61,1% responderam que a redução no faturamento nos próximos 30 dias no transporte de passageiros para o mercado interno é de 80% ou mais. Para os próximos 60 dias, o número não fica mais otimista: 63,2% entendem que a queda para o período também será de 80% ou mais.
» Vazio. Raiz da questão, a queda na demanda é drástica. Para 85,7% dos empresários, ela caiu “muito” em março, com retração de 80% ou mais para 60% dos entrevistados.
» Arrumação interna. A principal medida adotada pelas empresas no quesito quadro de funcionários foi a redução na jornada de trabalho (57,1%). Em segundo lugar, vem a utilização do banco de horas (47,6%). A suspensão temporária de contratos de trabalho foi efetuada por 28,6% das empresas.
» Socorro. Saída importante para dar fôlego ao caixa, o acesso ao crédito ficou mais difícil para as aéreas. Para 44,4% dos entrevistados que buscaram recursos para capital de giro, conseguir dinheiro ficou mais complicado depois da crise. Apenas para 5,6% foi considerado mais fácil do que antes da pandemia.
» Em massa. A crise provocada pela pandemia pode resultar no corte de 3,8 milhões a 4,2 milhões de empregos no setor de restaurantes, bares e cafés da América Latina, segundo estudo realizado pela Boston Consulting Group (BCG) em quatro países: Brasil, México, Colômbia e Peru. A projeção vem da perspectiva de que entre 75% e 80% de estabelecimentos correm o risco de fechar as portas, após sofrerem declínio potencial de 60% a 80% nas vendas durante mais de um mês.
» Contramão. A movimentação de cargas no Brasil cresceu março, mesmo em meio à forte redução da atividade econômica vista no período, em decorrência das medidas de combate à disseminação do novo coronavírus. Os dados são da AT&M Tecnologia, empresa responsável pela averbação de 90% do mercado de transporte de cargas. Foram registrados R$ 556 bilhões em movimentação de cargas no País em março, 8,8% acima dos R$ 511 bilhões observados um ano antes e alta de 4,7% frente aos R$ 531 milhões de fevereiro.
» E-Commerce. O crescimento reflete o aquecimento do setor de abastecimento do País. Segundo a AT&M, a expansão foi impulsionada pela demanda de produtos de beleza, higiene e medicamentos, com forte demanda dos setores do varejo (supermercados) e comércio eletrônico.