Federação decide concluir Paulistão
Futebol. Necessidade de respeitar contrato de TV pesou na decisão; data da volta não está definida e jogos deverão ser sem torcida
A Federação Paulista de Futebol (FPF) decidiu retomar a disputa do Campeonato Paulista de 2020 assim que for possível. Em reunião por videoconferência, ontem, entre dirigentes da entidade e representantes dos 16 clubes participantes da Série A-1, ficou definido que a competição, paralisada por causa da pandemia do novo coronavírus, voltará a ser disputada, com a possibilidade de jogos sem a presença da torcida. A data, porém, ainda não está definida.
A federação esclareceu em comunicado que o intuito de voltar a disputar o Estadual é uma forma de respeitar a torcida e o contrato de direitos de transmissão das partidas com o Grupo Globo. A possível data de retorno só será definida em uma nova videoconferência, mas a possibilidade de os jogos restantes serem realizados com os portões fechados, para evitar a aglomeração de pessoas, ganhou força no encontro de ontem.
O Estadual foi interrompido há exatamente um mês, faltando duas rodadas para o fim da primeira fase. A continuidade da competição terá como um dos trabalhos o desenvolvimento de um protocolo de segurança por parte da Comissão Médica da FPF, para estabelecer condições de segurança e de integridade para times e membros da comissão técnica envolvidos nas partidas.
Na reunião, os participantes reconheceram a dificuldade de se encontrar datas disponíveis no calendário e também o possível impacto financeiro de realizar jogos com os portões fechados. Por outro lado, a retomada das partidas garante o retorno do pagamento dos direitos de TV por parte do Grupo Globo. A emissora suspendeu os repasses há duas semanas.
“A Federação Paulista de Futebol e seus clubes filiados entendem que as dificuldades de organização de datas e a possibilidade de realização de jogos com portões fechados geram consequências comerciais e técnicas negativas para todos. No entanto, prevaleceu entre todos a convicção de que a priorização da saúde e da segurança dos milhares de profissionais envolvidos no futebol se faz necessária nesse momento, e é o princípio que guiará todas as nossas decisões’’, diz a nota da entidade.
Sufoco. Desde a paralisação do Estadual, os clubes menores dispensaram os jogadores e passaram a viver estágios diferentes de preocupação econômica. Sem calendário para o restante do ano, Água Santa, Inter de Limeira e Santo André têm de conviver com o temor de não conseguir manter o elenco. A maioria dos jogadores desses times assinou acordo válido somente até o fim de abril.
“O regulamento vai permitir a condição de inscrevermos novamente mais 22 jogadores. Do nosso elenco de 26 atletas, muitos deles ficaram sem contrato nos últimos dias. A decisão de manter o Estadual é positiva e agora vamos ter de quebrar a cabeça e abrir o bolso para conseguir remontar o elenco”, disse ao Estado o presidente do Santo André, Sidney Riquetto
No caso das demais equipes, o alento financeiro veio principalmente da CBF. A entidade nacional repassou um pacote de auxílio para quem vai disputar as Séries B, C e D do Brasileiro, o que ajudou clubes como Ituano e Botafogo. Times que vão disputar o segundo escalão do torneio chegaram a receber até R$ 600 mil como adiantamento das cotas de TV.
Os times da Série A nacional nada receberam da CBF.
Sidney Riquetto
PRESIDENTE DO SANTO ANDRÉ ‘Manter o Estadual é positivo, mas vamos ter de quebrar a cabeça para remontar o elenco’