O Estado de S. Paulo

Senado oficializa perda de mandato de Juíza Selma

Cassada em dezembro por caixa 2 e abuso de poder econômico, parlamenta­r diz que vai se dedicar à advocacia

- Rafael Moraes Moura Daniel Weterman / BRASÍLIA

Após quatro meses do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Mesa Diretora do Senado oficializo­u ontem a perda do mandato da senadora Juíza Selma (Podemos-MT), que foi cassada por abuso de poder econômico na campanha e caixa 2. A decisão foi tomada por cinco votos a um.

Após ter a cassação oficializa­da, Selma divulgou um comunicado à imprensa em que classifico­u o processo que a tirou do cargo como “político”. A parlamenta­r anunciou que irá se dedicar à advocacia.

O Senado deverá dar posse ao terceiro colocado na eleição de 2018 para o Senado em Mato Grosso. Com isso, Carlos Fávaro (PSD), assumirá até a realização de uma nova eleição, ainda sem data agendada.

Selma foi cassada pelo TSE em dezembro e, como o Estado mostrou, ganhou uma sobrevida de quatro meses no cargo. Nesse período, seguiu recebendo salários e os demais benefícios da função. A senadora ganhou o apelido de “Moro de saias” por ter sido juíza em Mato Grosso. A parlamenta­r admitiu que realizou os gastos apontados na denúncia, mas alegou que não era obrigada a declarar as despesas no período.

“Selma acredita que vontades políticas com evidentes intenções obscuras prevalecer­am no seu julgamento, o que fere a soberania do sufrágio popular e a obediência aos princípios do contraditó­rio e ampla defesa”, informa nota distribuíd­a pela assessoria de imprensa da senadora cassada.

“Selma irá se dedicar à advocacia e lutar para que outros cidadãos não tenham seus direitos cerceados como ocorreu no seu caso”, diz o texto.

O único voto favorável à parlamenta­r foi o do 2.º vice-presidente da Casa, Lasier Martins (Podemos-RS), colega de partido de Selma. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não votou. Para a senadora ser efetivamen­te afastada, a decisão precisa ser comunicada ao plenário e publicada em diário oficial. Na reunião da Mesa do Senado, Lasier Martins apresentou um pedido de vista do processo – mais tempo para analisar o caso – argumentan­do que houve um julgamento fora do padrão na Justiça Eleitoral.

“É preciso atenção para o casuísmo do processo. Diferentem­ente de dezenas de políticos poderosos já com denúncia no Supremo e com processos parados, a senadora Selma foi magistrada, colocou grandes personagen­s da política mato-grossense na cadeia, inclusive governador, e por discrimina­ção ou vingança teve um processo ultra rápido”, afirmou o senador, ao comentar a decisão.

O adiamento foi negado, também por cinco votos a um. Além disso, o parlamenta­r argumentou que a Mesa não poderia se reunir virtualmen­te.

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MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL B-10/12/2019 Parlamento. Juíza Selma nega ter cometido irregulari­dade

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