O Estado de S. Paulo

‘É preciso ser duro com quem coloca sociedade em risco’

Presidente do TJ-SP vê ‘momento é excepciona­l’ e defende o isolamento como a melhor forma de combate ao coronavíru­s

- Pepita Ortega Fausto Macedo

O isolamento social deve ser tratado com seriedade e o momento é de cumprir as recomendaç­ões de médicos e cientistas, avalia o desembarga­dor Geraldo Francisco Pinheiro Franco, presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, que colocou 40 mil servidores, 3 mil magistrado­s e 15 mil colaborado­res da Corte paulista em trabalho remoto. O desembarga­dor disse que o Estado precisa ser “duro com o cidadão que não cumpre com seus deveres e coloca em risco a sociedade”, mas vê responsabi­lização penal como “absoluta exceção”. Ao Estado, Pinheiro Franco descreveu como o TJSP vem se adaptando ao trabalho remoto – de 16 de março a 12 de abril, a Corte paulista produziu 1.925.776 decisões.

A seguir os principais trechos da entrevista:

• Como é o trabalho do TJ-SP em tempos de quarentena?

Os magistrado­s e servidores estão isolados, mas trabalhand­o seriamente. A rotina foi alterada tão somente na desnecessi­dade de ir ao tribunal. Por muitos anos trabalhei em casa, em segunda instância, quando não existiam prédios de gabinetes. Portanto, estou revivendo um período de minha vida profission­al. As reuniões diárias com autoridade­s de outros Poderes do Estado, com os juízes assessores e secretário­s são realizadas pela via virtual.

• Isolamento total ou vertical?

O isolamento parece ser a medida mais séria a ser adotada sob o âmbito do controle do vírus. E temos que seguir a orientação da OMS, do Ministério da Saúde e das secretaria­s de Saúde estaduais e municipais. O isolamento deve ser tratado com seriedade. Isolamos 40 mil servidores, 3 mil magistrado­s e 15 mil colaborado­res. Só algumas classes, como os policiais militares e oficiais de Justiça designados para medidas urgentes estão na linha de frente. E, a despeito de muita dificuldad­e com a aquisição de equipament­os de proteção, estamos atentos.

• Muitas pessoas não estão acatando as recomendaç­ões médicas e insistem em sair às ruas desnecessa­riamente. O governo fala em prender os que resistem. O sr. é a favor dessa medida?

Vejo com preocupaçã­o. O momento é sério. Temos que cumprir as recomendaç­ões dos médicos e cientistas. São eles que nos orientam e conduzem nesse momento. É preciso que o Estado seja duro com o cidadão que não cumpre com seus deveres e coloca em risco a sociedade. O momento é excepciona­l, precisamos entender isso, definitiva­mente. A responsabi­lização penal é a absoluta exceção. Não é esse o caminho natural das coisas. O que se quer, o que se deseja, é que todos tenham a responsabi­lidade de evitar a disseminaç­ão do vírus, que é rápida, volumosa e fácil. E a resposta da sociedade paulista virá a tempo, não há dúvida.

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