Fórum dos Leitores
Cartão vermelho
Com base na entrevista que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, concedeu à TV Globo no último domingo, disse o vice-presidente Hamilton Mourão: “Mandetta fez uma falta grave. Merecia cartão” (15/4, A4). Creio que se tenha referido à frase “ele não sabe se escuta o ministro da Saúde, se escuta o presidente, quem é que ele escuta”, dita por Mandetta acerca do povo brasileiro quanto ao isolamento horizontal. Não entendo que essa frase possa ser considerada um desrespeito ao presidente da República, e sim um desabafo de quem, desanimado, conhece o alcance dessa medida, que a comunidade médica internacional recomenda à população. Visa à proteção especialmente dos mais vulneráveis, mas extensiva aos demais cidadãos, que poderão necessitar de leitos hospitalares por causa da covid-19 ou por outras emergências. O efeito prático dessa divergência pude constatar anteontem ao me dirigir ao meu consultório, ontem confirmado pela diminuição para 50% do respeito à quarentena. Certamente, na dúvida por não se saber quem ouvir. Pela leitura atenta das páginas da mesma edição do Estadão, fica convalidada a posição do ministro da Saúde.
ANTONIO CARLOS GOMES DA SILVA
ACARLOSGS@UOL.COM.BR
SÃO PAULO
Pontos de vista
Segundo o general Mourão, o ministro Mandetta fez uma falta e merecia cartão. Já segundo os brasileiros, Mandetta pode fazer muita falta e merecia mais consideração.
CARLOS GASPAR
CARLOS-GASPAR@UOL.COM.BR
SÃO PAULO
Valeu a falta
Embora tendo grande apreço pelo general Hamilton Mourão, devo dizer que discordo de S. Exa. quando diz que o ministro Mandetta cometeu grave falta. Gostaria de lembrar-lhe que um governo civil não segue as mesmas regras de obediência de um sistema militar. Assim sendo, se a “falta”
cometida, segundo os seus padrões, teve o propósito de salvar quiçá milhares de vidas, orientando a população a permanecer em isolamento social, em consonância com a Organização Mundial da Saúde (OMS), devemos agradecer que assim o tenha feito.
ELIANA FRANÇA LEME
EFLEME@GMAIL.COM
CAMPINAS
No front
Nesta pandemia, nas quarentenas e nos isolamentos, nos hospitais e UTIs, todos se sentem como soldados na frente de batalha. Na guerra tradicional o inimigo está no front, escondido em cada colina, cada moita ou em trincheiras e casamatas. Hoje, para todos nós, o terror é ainda maior, o inimigo invisível pode estar em qualquer canto: nas ruas, nos prédios, nos elevadores, nos vizinhos e até dentro de casa, se alguém for hospedeiro do inimigo e os outros moradores não souberem. Uma encomenda entregue tem de ser tratada como uma mina explosiva, para desarmar o inimigo que ela possa conter. É horrível pensar que a qualquer momento podemos ser atacados, com consequências que podem ser fatais. Nunca sentimos a morte tão próxima e iminente. Mais desesperador ainda é ter de separar-se de um ente querido contaminado, que vai para o hospital, não pode ser visitado e talvez nunca mais possa ser visto. Morrendo lá, nem mesmo pode ser velado. Assustador! As imagens das UTIs, com os abnegados médicos, enfermeiros e auxiliares em atendimento frenético a todos os pacientes, lembram cenas de hospitais das linhas de frente, nas guerras. Um pavor! É, estamos vivendo uma guerra global, em todos os continentes. Esta pode, realmente, ser considerada a terceira guerra mundial.
JOSÉ CLAUDIO MARMO RIZZO
JCMRIZZO@UOL.COM.BR
SÃO PAULO
‘Lockdown’
Segundo o Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (Nois), os registros oficiais da covid-19 do Ministério da
Saúde representam apenas 8% do número real. Estão subavaliados. Os números verdadeiros seriam até 12 vezes maiores, o que os elevaria a 300 mil. Se isso for confirmado, é caso de pensar em lockdown. Ao menos nos Estados com mais casos.
PANAYOTIS POULIS
PPOULIS46@GMAIL.COM
RIO DE JANEIRO
Molecagem
Diante da angústia e do sofrimento causados por esse vírus que assola não só o nosso país, mas o planeta, é, no mínimo, chocante ver políticos e também não políticos se bicando e se provocando como moleques, enquanto pessoas de todas as idades e estratos sociais morrem, apesar do sacrifício pessoal de médicos e equipes inteiras de enfermagem, que muitas vezes se veem obrigados a lutar contra esse mal sem as armas que poderiam fortalecê-los e evitar, quem sabe, mais internações e mortes. Lamentável também o comportamento de alguns responsáveis por estabelecimentos comerciais que, num momento de luto para tantas famílias, não conseguem pensar em nada além de seus próprios lucros financeiros.
VERA AUGUSTA VAILATI BERTOLUCCI
VERAVAILATI@UOL.COM.BR
SÃO PAULO
Tempo livre
Parece que esta quarentena está fazendo as pessoas terem tempo para acompanhar o movimento dos políticos que elegeram. Teremos efeitos saneadores nas próximas eleições.
LUIZ FRID
LUIZ.FRID@GLOBOMAIL.COM
SÃO PAULO
Desvios do caminho
Pena que esta situação global encontre um Brasil tão fragilizado, tão no fundo do poço econômico, social, cultural e diria até espiritual. Tiraríamos de letra se fôssemos aquele Brasil que imaginávamos e quase alcançamos, mas se perdeu na estrada… Vamos conseguir reencontrar o caminho?
FRANCISCO EDUARDO BRITTO
BRITTO@ZNNALINHA.COM.BR
SÃO PAULO