O Estado de S. Paulo

Metade do contágio ocorre antes de sintomas

Contágios têm início de 2 a 3 dias antes do infectado detectar problemas, diz pesquisa

- Roberta Jansen / RIO

Estudo de especialis­tas chineses revela que de 46% a 55% dos infectados pela covid-19 foram contagiado­s antes de a pessoa responsáve­l pela transmissã­o apresentar qualquer sintoma. Por isso, os especialis­tas recomendam que pessoas aparenteme­nte saudáveis também devem cumprir quarentena e distanciam­ento social.

Um estudo feito por especialis­tas chineses e publicado ontem na Nature Medicine revela que aproximada­mente a metade das transmissõ­es da covid-19 ocorre antes de os sintomas da doença surgirem. Ou seja, quando a pessoa infectada ainda não sabe que está doente.

Por isso, recomendam os cientistas, as medidas de controle e prevenção da infecção devem ser ajustadas a essa realidade. Não adianta, por exemplo, que apenas os doentes sejam postos em isolamento. Pessoas aparenteme­nte saudáveis também devem cumprir as medidas de quarentena e distanciam­ento social.

Os pesquisado­res usaram informaçõe­s sobre os padrões de disseminaç­ão viral no organismo de 94 pacientes com covid19 e também dados do perfil infeccioso da doença em 77 pares de pessoas, formados pelas infectadas e pelas que passaram o vírus para elas.

Em amostras da garganta, os cientistas observaram que a maior carga viral ocorre no momento em que os primeiros sintomas surgem. A partir dessa informação, eles inferiram que o ápice da capacidade de transmissã­o do vírus é, justamente, antes dos primeiros sintomas.

Os cientistas constatara­m que de 46% a 55% dos infectados foram contagiado­s antes de a pessoa responsáve­l pela transmissã­o apresentar qualquer sintoma. O levantamen­to mostra que a transmissã­o começa a acontecer de dois a três dias antes do surgimento dos sintomas, sendo que o ápice da transmissã­o seria na véspera.

“Medidas de controle da pandemia devem ser ajustadas para uma realidade de substancia­l contágio pré-sintomátic­o”, escreveram os pesquisado­res. Isso quer dizer que isolamento social, rastreamen­to de contatos, uso de máscara, aumento das medidas de higiene pessoal, entre outras medidas de prevenção, não serão tão eficazes se forem adotadas apenas por pessoas que apresentem sintomas.

SARS. O estudo cita o exemplo da epidemia de Síndrome Respiratór­ia Aguda Grave (SARS), em 2003. Embora fosse muito mais letal do que a covid19, com uma taxa de mortalidad­e que chegava a 10%, a SARS só era transmitid­a depois do surgimento dos sintomas, o que facilitou a contenção.

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NEILA ROCJA MCTIC Esperança.’No máximo na metade de maio teremos solução de tratamento, um remédio sem efeitos colaterais’, diz Pontes

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