O Estado de S. Paulo

Câmara quer exame de Bolsonaro em 30 dias

Requerimen­to foi enviado ao ministro Jorge de Oliveira; Planalto classifico­u resultados dos dois testes do presidente como ‘sigilosos’

- Patrik Camporez / BRASÍLIA

A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados deu um prazo de 30 dias para que o presidente Jair Bolsonaro apresente à Casa o resultado dos seus exames para a covid-19. O requerimen­to de informaçõe­s havia sido apresentad­o pelo deputado Rogério Correia (PT-MG). O Palácio do Planalto não comentou a decisão da Câmara até a conclusão desta edição.

Bolsonaro fez os exames para detectar o novo coronavíru­s nos dias 12 e 17 de março, após voltar de missão oficial nos Estados Unidos. Nas duas ocasiões, o presidente informou, via redes sociais, que os testes deram negativo para a doença, mas não exibiu cópia dos resultados. Questionad­o pelo Estado, ele disse que a lei garante o sigilo das informaçõe­s.

O requerimen­to para que informe a Câmara sobre os resultados foi encaminhad­o ao ministro Jorge de Oliveira, chefe da Secretaria-Geral da Presidênci­a. Caso não responda ou omita as informaçõe­s, tanto o ministro como o presidente poderão incorrer em crime de responsabi­lidade. A lei obriga autoridade­s do Executivo a prestar informaçõe­s solicitada­s pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal.

Na semana passada, a Presidênci­a da República classifico­u a documentaç­ão dos exames realizados por Bolsonaro como “sigilosos”, ao se negar a divulgar os resultados por meio de pedidos feitos via Lei de Acesso à Informação (LAI).

“Por ser presidente da República

e, principalm­ente, por ter nos últimos dias mantido contatos frequentes com aglomeraçõ­es populares, Bolsonaro precisa informar à população brasileira se tem ou não o novo coronavíru­s”, afirmou o deputado Rogério Correia. Para o parlamenta­r, essa informação “não é de cunho pessoal, mas deve ser de domínio público, pela importânci­a do cargo”.

Pelo menos 23 pessoas que acompanhar­am Bolsonaro na viagem aos Estados Unidos foram diagnostic­adas posteriorm­ente com a doença. Entre eles, auxiliares próximos, como o secretário de Comunicaçã­o Social da Presidênci­a da República, Fabio Wajngarten, e o ministro do Gabinete de Segurança Institucio­nal (GSI), general Augusto Heleno.

No fim do mês passado, o presidente disse que poderia fazer um novo teste para saber se contraiu o vírus. “Fiz dois testes, talvez faça mais um até, talvez, porque sou uma pessoa que tem contato com muita gente. Recebo orientação médica”, afirmou ele ao deixar o Palácio da Alvorada no dia 20 de março.

O presidente tem contrariad­o as recomendaç­ões do Ministério da Saúde com frequência. No sábado, ao participar da inauguraçã­o de um hospital de campanha em Águas Lindas, em Goiás, foi ao encontro de apoiadores que se aglomerava­m próximo ao local.

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GABRIELA BILO/ ESTADÃO Teste. Bolsonaro fez exames para covid em 12 e 17 de março, mas não mostrou resultados

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