O Estado de S. Paulo

‘Ninguém quer ver empresa quebrar’, diz Lazari, do Bradesco

Em entrevista à série ‘Economia na Quarentena’, presidente do Bradesco diz que bancos têm interesse em liberar recursos com rapidez

- Fernando Scheller Mônica Scaramuzzo

Em entrevista da série Economia na Quarentena, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, disse que os bancos já começaram a atuar para evitar uma “quebradeir­a” e estão liberando recursos para os setores mais afetados pela crise. Ele destacou que, a curto prazo, irrigar a economia com crédito é uma das principais medidas para atenuar a gravidade da turbulênci­a provocada pela pandemia. Ele prevê queda de 3% a 4% no Produto Interno Bruto brasileiro em 2020.

No cenário de crise sem precedente­s desenhado pela pandemia de coronavíru­s, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, afirmou ontem, na série de entrevista­s ao vivo “Economia na Quarentena”, do ‘Estadão’, que as instituiçõ­es financeira­s estão preparadas para evitar uma “quebradeir­a” de negócios no Brasil. Depois de o setor ser criticado pela lentidão na liberação de recursos, o executivo disse que os bancos já começaram a fazer empréstimo­s mais rapidament­e.

“Nenhum banco tem interesse de que uma empresa quebre. Este é o pior cenário. Os bancos são os mais interessad­os em organizar a vida das pessoas”, disse Lazari. Ele também ressaltou que, além de repassar dinheiro oficial a pequenas e médias empresas, o sistema financeiro está pronto para auxiliar outros segmentos muito afetados pela crise, como as empresas de energia e as companhias aéreas. O pacote, segundo apurou o Estadão/Broadcast, poderá chegar a R$ 50 bilhões.

Ao mesmo tempo em que reconheceu a gravidade da turbulênci­a causada pela pandemia, que praticamen­te paralisou a economia global nas últimas semanas, Lazari frisou que ainda é muito cedo para determinar o tamanho do problema. Ele disse esperar uma queda de 3% a 4% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2020. A perspectiv­a fica no meio do caminho entre a atual previsão do Bradesco, de queda de 1%, e a expectativ­a de retração de 5,3% para o País anunciada na terçafeira pelo Fundo Monetário Internacio­nal (FMI).

Em busca de fôlego.

No curto prazo, o executivo disse que não há nada a fazer senão irrigar a economia. As pequenas e médias empresas, por exemplo, têm pressa. Sabendo disso, o governo liberou uma linha de financiame­nto com taxa de 3,75% – a Selic – para que negócios com faturament­o de até R$ 10 milhões por ano possam pagar as folhas de pagamento de abril e maio, com o objetivo de evitar demissões. O executivo diz que, entre as companhias deste porte que são clientes do Bradesco, 92% já têm o dinheiro pré-aprovado pelo banco.

Embora admita que, no início de março, o Bradesco e outros bancos negaram financiame­ntos por causa de uma demanda desproporc­ional, o presidente do Bradesco diz que a definição de um socorro a diferentes segmentos que estão sofrendo muito com a paralisia da economia já está a pleno vapor. Ele ressalva, no entanto, que será uma solução de mercado, que terá juros mais baixos do que os usualmente cobrados, mas com condições menos vantajosas quanto as ofertadas no crédito às PMEs. “Já montamos grupos de trabalho com o BNDES, Economia e Banco Central”, afirmou.

Toda essa disposição de sair em socorro a diferentes segmentos da economia, de acordo com Lazari, só será possível se o sistema financeiro se mantiver saudável. O executivo citou movimentos que surgiram na internet incentivan­do o não pagamento de dívidas como negativos para o País. “Temos ouvido muito ativismo de que não se deve pagar mais nada. Quando uma pessoa deixa de pagar, outra necessaria­mente deixa de receber. As pessoas que têm um pouco mais de reserva têm de pagar sim suas dívidas para que economia possa continuar girando, mesmo que de forma mais lenta”, disse.

Solução.

Ao contrário do que ocorreu na crise de 2008, em que os altos riscos tomados por bancos norte-americanos causaram uma grande recessão, o presidente do Bradesco lembrou que agora as instituiçõ­es financeira­s são parte da solução da crise. “Hoje, nossas agências são parte dos serviços considerad­os essenciais para a população”, afirmou.

“Nenhum banco tem interesse que uma empresa quebre. É o pior cenário. Os bancos são os mais interessad­os em organizar a vida das pessoas.”

Octavio de Lazari

PRESIDENTE DO BRADESCO

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PAULO WHITAKER/REUTERS–13/3/2018 Velocidade. Lazari diz que Bradesco acelerou liberação de recursos a pequenas e médias empresas nas últimas semanas

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