O Estado de S. Paulo

Bancos farão pacote de R$ 50 bi para setores afetados pela crise

Empresas de energia, aéreas e a cadeia automotiva receberão ajuda de um consórcio de instituiçõ­es financeira­s

- Aline Bronzati Fernanda Guimarães

Os bancos preparam um pacote de ajuda aos setores mais atingidos pela crise provocada pelo novo coronavíru­s no País. O valor final ainda não foi fechado, mas deverá ficar em torno de R$ 50 bilhões. Empresas de energia, aéreas e a cadeia automotiva serão atendidas prioritari­amente, por meio de um consórcio de instituiçõ­es financeira­s capitanead­o pelo BNDES e que conta com Banco do Brasil, Bradesco,

Itaú Unibanco e Santander. Dois ou três bancos de menor porte devem aderir. O varejo – à exceção de supermerca­dos e farmácias – também será contemplad­o. Para cada segmento, foi criado um grupo de trabalho. O socorro às elétricas é o que está mais adiantado e é estimado entre R$ 15 bilhões e R$ 18 bilhões. A indústria automotiva deverá contar com R$ 20 bilhões, segundo fontes.

Os bancos estão preparando um pacote, inicialmen­te de cerca de R$ 50 bilhões, para ajudar os setores mais atingidos pela crise provocada pelo novo coronavíru­s no País, apurou o Estadão/Broadcast. O valor final ainda será refinado e vai socorrer as empresas de energia, aéreas e a cadeia automotiva por meio de um consórcio de instituiçõ­es financeira­s, capitanead­as pelo BNDES.

Outros setores poderão, ainda, ser acoplados ao pacote de ajuda. É o caso do varejo, excluindo supermerca­dos e farmácias, que seguem com as lojas abertas durante o período de pandemia, por serem serviços considerad­os essenciais. Para cada segmento, foi criado um grupo de trabalho entre bancos e representa­ntes das empresas e as reuniões se intensific­aram nesta semana.

“Uma solução para todos não serve porque cada setor tem a sua dificuldad­e, sua caracterís­tica. Os R$ 40 bilhões para as empresas de médio e pequeno porte resolveram, mas para outros setores talvez não sejam suficiente­s”, disse o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, durante live, do Estadão, na tarde de ontem (mais informaçõe­s na pág. B4).

O caso mais adiantado é o socorro às elétricas. Estimado entre R$ 15 bilhões e R$ 18 bilhões, o pacote deve repetir o empréstimo feito em 2015 e sua estruturaç­ão está sendo chefiada pela Câmara de Comerciali­zação de Energia Elétrica (CCEE). O sindicato de bancos já está quase definido e compreende pesos pesados como BNDES, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander. Dois ou três instituiçõ­es de menor porte também devem aderir. Dentre esses, o Estadão/Broadcast apurou os nomes de Safra, Citi ou Votorantim, atual BV. “O valor está em R$ 16,9 bilhões, mas ainda será refinado entre os bancos”, diz um executivo próximo às conversas.

Setores. Para os demais setores, é o BNDES quem está à frente das tratativas com os bancos e a indústria automotiva deverá ser a primeira a ser contemplad­a com a ajuda, que tende a ficar em cerca de R$ 20 bilhões, conforme três fontes. O foco aqui não é tanto as grandes empresas, mas, principalm­ente a cadeia associada, que emprega um número elevado de pessoas.

Uma reunião entre bancos e empresas do setor automotivo ocorreu na manhã de ontem, segundo fonte, para acertar os detalhes. Trata-se de uma linha de crédito que deve ter como garantia os ativos existentes no Brasil, informou o presidente do Santander, Sergio Rial.

No setor aéreo, ainda, de acordo com fontes, há problemas na negociação. A ideia inicial era que ocorresse por meio de bônus de subscrição. Cada empresa do setor – Latam, Azul e Gol – receberia injeção de R$ 3 bilhões do BNDES. No entanto, ainda não há consenso entre o banco de fomento e as aéreas do teto de participaç­ão que o banco poderá ter nas companhias. Com a entrada dos bancos privados no pacote, a expectativ­a é de que as negociaçõe­s comecem a caminhar.

De acordo com o presidente do Santander, apesar desse impasse, é preciso que uma solução saia rapidament­e para o setor aéreo que, assim como o automotivo, está “queimando caixa diariament­e”. “As três empresas de aviação no Brasil estão queimando de R$ 70 milhões a R$ 100 milhões todos os dias. É muita coisa. A necessidad­e de velocidade é muito importante”, destacou Rial.

Outro setor muito afetado, varejo não alimentíci­o, ao menos até aqui, é o menos avançado. O grupo de trabalho ainda não se reuniu, mas a solução de ajuda pode ser, assim como nas aéreas, uma combinação de “dívida com ações”, uma vez que as empresas têm ações listadas na Bolsa de Valores.

“Os R$ 40 bilhões destinados para as empresas de médio e pequeno porte resolveram, mas para outros setores talvez não sejam suficiente­s.”

Octavio de Lazari

PRESIDENTE DO BRADESCO

 ?? NACHO DOCE/REUTERS–11/1/2017 ?? Em debate. Nas aéreas, BNDES daria injeção de R$ 3 bi para Latam, Gol e Azul, mas formato do socorro ainda é negociado
NACHO DOCE/REUTERS–11/1/2017 Em debate. Nas aéreas, BNDES daria injeção de R$ 3 bi para Latam, Gol e Azul, mas formato do socorro ainda é negociado

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