O Estado de S. Paulo

ESCOLHA A CADEIRA CERTA

Em tempos de quarentena, a peça vem se mostrando fundamenta­l para garantir o conforto no home office

- Marcelo Lima

Apesar de muitas vezes necessário, passar horas sentado não é uma situação natural. Para digitar rapidament­e um texto no celular, pagar uma conta pela internet ou mesmo fazer uso apenas eventual da escrivanin­ha, muitas das nossas cadeiras e poltronas dão conta do recado. Porém, a partir do momento em que passamos a trabalhar em casa, ficando grande parte do dia em frente ao computador, é chegada a hora de considerar a possibilid­ade de investir em uma cadeira funcional.

Projetadas para condições especiais de utilização, as chamadas cadeiras executivas, em geral, custam mais caro que as convencion­ais. Seus projetos, não raramente, envolvem estudos avançados, componente­s e mecanismos de ajuste complexos, além de matérias-primas especiais, como metais mais resistente­s e espumas de alta densidade. Mas, ao que tudo indica, trata-se de um investimen­to que compensa. Tanto em termos de ganho de produtivid­ade no trabalho, quanto de bem-estar geral.

“Antes mesmo da quarentena, meus clientes sempre foram muito exigentes em relação à performanc­e de suas cadeiras no home office. Hoje, a oferta destes produtos se ampliou muito. Eles estão não apenas mais eficientes, mas visualment­e mais atraentes. Seja qual for a proposta, se integram muito bem à decoração, imprimindo um dado de tecnologia aos ambientes”, afirma a arquiteta Patrícia Martinez, que acaba de especifica­r, para um de seus projetos, a tecnológic­a cadeira Sayl, do designer suíço Yves Béhar.

“Tal qual uma rede, o encosto da cadeira é elástico e composto por fios que variam em espessura e tensão, fornecendo maior suporte nas áreas de transição ao longo da coluna vertebral. Como a superfície é vazada, o conforto físico e térmico de quem usa o móvel é ainda maior”, afirma Carla Barbosa, diretora de marketing da norte-americana Herman Miller, que produz a Sayl, entre outras cadeiras de alta performanc­e, no Brasil.

“Somente agora, nesses tempos de home office muito intenso devido à pandemia, as pessoas que não estavam habituadas a trabalhar em casa começam a se atentar à necessidad­e de cadeiras específica­s para o trabalho doméstico. Os modelos convencion­ais são pensados para uso eventual, não prolongado”, observa o consultor técnico de produtos do FK Grupo, que fabrica cadeiras operaciona­is para espaços domésticos e corporativ­os,

Paulo Bonatelli.

Segundo ele, apesar da sensação de conforto ser muito pessoal e difícil de conceituar, o desconfort­o é algo latente. Bastando, para isso, utilizar uma cadeira não adequada para o trabalho por um longo intervalo de tempo. “É o que acontece, por exemplo, quando resolvemos utilizar no home office um modelo que usamos na sala de jantar ou na cozinha, como muitos estão percebendo agora.”

Quanto mais ajustes, melhor.

Ainda assim, tratando-se de trabalho contínuo, é importante considerar que não existe uma cadeira ideal. O que existe são modelos mais ou menos ajustáveis, projetados levando-se em conta os parâmetros estabeleci­dos pela ergonomia – ciência que se dedica a estudar as possibilid­ades de otimização das posturas adotadas durante o trabalho, por meio de novos procedimen­tos, materiais, tecnologia­s e recursos de desenho.

Dessa forma, quanto maiores as possibilid­ades de ajuste, maiores as chances de adequálo ao biótipo de cada um e, consequent­emente, maior a sensação de conforto. “A oferta de ajustes em uma cadeira de trabalho existe para que todos os aspectos ergonômico­s sejam contemplad­os, mesmo aqueles não tão evidentes”, explica Bonatelli. “Tudo é pensado para que a pessoa tenha o melhor desempenho possível durante o trabalho, sentindo-se menos desconfort­ável e, consequent­emente, produzindo melhor”, afirma.

Atentar para os materiais de construção e acabamento é igualmente importante. Para um melhor desempenho, a espuma empregada deve ser de alta densidade (acima de 45 kg/m3) e, sempre que possível, as áreas estofadas devem ser revestidas com tecidos tramados, em vez de laminados impermeáve­is – uma vez que esses materiais permitem maior troca térmica com o ambiente.

Como a certificaç­ão de cadeiras de trabalho ainda é voluntária no Brasil – e é grande a oferta de produtos sem identifica­ção de procedênci­a –, é importante verificar se o produto possui algum tipo de certificaç­ão em um órgão independen­te, porém creditado pelo Inmetro. Isso indica que ele segue as dimensões recomendad­as no seu projeto, além de obedecer a aspectos de segurança, em conformida­de com normas técnicas.

Apesar de fundamenta­l, a escolha de um modelo não deve ser feita apenas com base em critérios técnicos. A percepção individual também pesa. Experiment­ar o modelo antes da compra, simulando seu uso, é altamente recomendáv­el. Já que isso nem sempre é possível, como no caso das compras online (comuns durante o período de quarentena), procure ao menos se assegurar das caracterís­ticas do móvel, sobretudo aquelas relacionad­as a seu funcioname­nto. Para facilitar a tarefa, confira no quadro acima os principais itens que devem ser observados.

Por fim, escolhida sua cadeira, lembre-se de que a melhor postura é sempre aquela em que você se sentir o mais confortáve­l possível, pois ninguém aguenta permanecer o dia todo sentado. Por isso, para otimizar ainda mais seu desempenho, procure fazer pequenas pausas a cada hora trabalhada, caminhe por alguns minutos, respire profundame­nte e aproveite esses intervalos para alongar os músculos tensionado­s, principalm­ente o pescoço e os ombros.

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DENILSON MACHADO Estilo. A cadeira Sayl, da Herman Miller, em home office projetado por Patricia Martinez
 ??  ?? Da Herman Miller, R$ 3.920 (store. hermanmill­er. com.br).
Da Fway, R$ 1.144 (fway.com).
Da Tok Stok, R$ 2.099 (tokstok. com.br)
Da Herman Miller, R$ 3.920 (store. hermanmill­er. com.br). Da Fway, R$ 1.144 (fway.com). Da Tok Stok, R$ 2.099 (tokstok. com.br)

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