Komah sem lista de espera
OKomah, na Barra Funda, nunca foi programa para qualquer um. E isso não tem nada a ver com o nível de pimenta dos pratos ou a qualidade de sua comida coreana – que é a melhor e a mais autoral da cidade. O problema no restaurante do Paulo Shin, em tempos normais, é a disputa pelos 34 lugares do salão. Dependendo da hora, você nem consegue pôr o nome na lista de espera, tem de voltar outro dia.
Pois agora é possível pedir em casa quase todo o cardápio. E você não vai ter dificuldade para entrar no clima da casa porque eles mandam até os jogos americanos de papel pardo com escritos em coreano e o hashi, chamado de jeotgarak. Separe uns potinhos e aqueça a comida no micro-ondas (sim, ele está quase sendo eleito o utensílio-símbolo do delivery da quarentena). Nem pense em buscar K-Pop no Spotify, a música no Komah é variada e bem boa.
O arroz de kimchi com omelete é obrigatório – chama-se kimchi bokumbap. O arroz é temperado com kimchi e molho de pimenta fermentado, e leva também alho, glacê de porco, manteiga e óleo de gergelim. Ele é salteado e enformado. Por cima do arroz vem o famoso omelete cremoso do Shin (famoso, mesmo, ele já fez em vários programas de TV e treinou cozinheiros de vários restaurantes no preparo de seu omelete fofo e levíssimo – tem vídeo no site do Paladar). Fiquei na dúvida se viajaria bem, mas chegou impecável, montadinho. Ah, a pasta de acelga fermentada e apimentada, kimchi, é feita pela mãe de Shin, que nasceu na Coreia.
Outro clássico da culinária coreana que você tem de provar é o bibimbap, um arroz com alga, legumes, beef jerky e pasta de pimenta fermentada. Por cima, vem um ovo cozido a 63 graus (a gema fica gelificada, uma consistência muito particular). Outra boa pedida é galbi jim (R$ 50), a costela bovina com molho shoyu (torça para sobrar e poder fazer um sanduíche). A pancetta assada e glaceada, samgiopsal (R$ 68), é para os fortes – com um molho agridoce apimentadíssimo. Desista se não tiver tolerância a pimenta.
Se quiser fazer a refeição aos costumes, encomende também uma seleção de banchan, as pequenas porções que vão para o centro da mesa – tem broto
de soja, abobrinha, bardana, manjubinha, salada de nabo e tofu. Cada porção custa R$ 9.
O que fez falta? Identificar potinhos com molhos; foi tão difícil que não consegui usar um deles.