O Estado de S. Paulo

Economia decide adotar meta fiscal flexível para 2021

Proposta será incluída no texto da Lei de Diretrizes Orçamentár­ias que governo apresenta hoje ao Congresso

- Adriana Fernandes Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

Com as incertezas provocadas pela pandemia da covid-19, o governo federal decidiu adotar uma meta fiscal flexível para o resultado das contas públicas em 2021. O desenho foi feito com uma espécie de “amortecedo­r” das variáveis econômicas, principalm­ente do Produto Interno Bruto (PIB).

A proposta vai constar no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentár­ias (LDO) de 2021, que será enviado hoje ao Congresso Nacional. Essa lei lança os principais parâmetros para a elaboração do Orçamento do ano que vem.

Uma fonte da equipe econômica explicou ao Estado que o governo não pode perder a sua principal referência para a política fiscal – a meta de resultado primário, que é calculada a partir da projeção de receitas e de despesas.

No entanto, num momento em que não há consenso sobre o ritmo de recuperaçã­o da economia após o choque da pandemia do novo coronavíru­s, a equipe econômica teve de desenhar um modelo que não deixe a gestão fiscal “amarrada” a cenários macroeconô­micos que nem os maiores especialis­tas conseguem estabelece­r com um mínimo de segurança.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, haverá um número de referência para o resultado primário, que deve ser de um déficit de R$ 150 bilhões aproximada­mente. Porém, esse número não será relevante como meta. Ele será incluído para que seja possível lançar as bases para a fixação de receitas e despesas.

A intenção do governo, porém, é apresentar atenuantes no texto e no discurso de apresentaç­ão da Lei de Diretrizes Orçamentár­ias, além de diferentes cenários que indiquem desde já os impactos nas contas em caso de resultados distintos nas variáveis macroeconô­micas, sobretudo o PIB.

Projeções. Nesse mesmo cenário de “referência”, segundo apurou a reportagem, a expectativ­a para o cresciment­o do PIB no próximo ano deve ser superior a 3%. A avaliação da equipe econômica é de que a base mais fraca em 2020 deve proporcion­ar um resultado melhor no ano que vem.

Para este ano, o governo federal ainda espera oficialmen­te alta de 0,02%, mas as projeções do mercado financeiro compiladas pelo Boletim Focus já apontam retração média de 1,96%.

Nos últimos dias, o Banco Mundial divulgou estimativa de queda de 5% para o PIB brasileiro este ano, enquanto o Fundo Monetário Internacio­nal fala em baixa de 5,3% – resultados que, se confirmaes­timdos, seriam os piores para o País em 120 anos.

Com tantas incertezas, explicou a fonte da equipe econômica, fixar um número é algo agora muito complicado. Estabelece­r uma “banda” de flutuação para a meta também é difícil nesse cenário. “Imagina a largura desta banda para comportar todas estas estimativa­s”, afirmou. A avaliação é de que os resultados de 2021 vão depender da arrecadaçã­o e também da reação do País – se a necessidad­e de isolamento for maior ou se a crise de saúde for embora mais rápido.

Segundo outra fonte da área econômica, escolher uma meta agora seria “muito arriscado”, mas o importante é “não perder a âncora fiscal”. O teto de gastos, mecanismo que limita o avanço das despesas à inflação, será mantido e seguirá cumprindo seu papel.

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DIDA SAMPAIO / ESTADÃO27/08/2016 Contas públicas. Congresso recebe hoje proposta de LDO

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