O Estado de S. Paulo

Índia amplia isolamento de 1 bilhão de pessoas

Primeiro-ministro anuncia quarentena até maio, com possíveis medidas de flexibiliz­ação a partir do dia 20

- NOVA DÉLHI

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, estendeu ontem a quarentena nacional por mais três semanas, impedindo que mais de 1 bilhão de pessoas deixem suas casas. Ele elogiou a população por agir agressivam­ente contra o coronavíru­s e disse para os indianos não “baixarem a guarda”.

Em discurso, Modi disse que prorrogar as medidas até o dia 3 de maio é necessário para evitar um aumento nos casos e garantiu que restrições mais duras podem ser decretadas a seguir. Ele agradeceu aos indianos por seguirem as medidas “como soldados dedicados”.

“Se você olhar apenas economicam­ente, tem sido caro”, disse Modi. “Mas você não pode colocar um preço na vida dos indianos.” O primeiro-ministro afirmou que algumas flexibiliz­ações podem ser implementa­das após 20 de abril, mas apenas em certas áreas e se houver estrito cumpriment­o das regras. Por enquanto, ele pediu a todos o indianos – 1,3 bilhão de pessoas – que usem máscaras, fiquem dentro de casa, respeitem os profission­ais de saúde e ajudem os idosos.

O mandatário lembrou que as novas regras de confinamen­to, que serão reveladas mais adiante, foram feitas “levando em consideraç­ão os interesses dos pobres”.

A Índia tem um número relativame­nte baixo de infecções confirmada­s, com cerca de 10 mil casos, 339 mortes e uma taxa de duplicação de cerca de seis dias. No entanto, o país é um dos que menos testam sua população. A taxa de exames é de apenas 137 para cada um milhão de habitantes, menor que o vizinho Paquistão, que é de 295 por milhão, e do Brasil, que é de 296 por milhão. Em países como Noruega e Suíça, esse índice passa de 20 mil exames realizados para cada milhão de pessoas. Uma rápida disseminaç­ão do coronavíru­s pode ser devastador­a na Índia. Os serviços de saúde são precários e milhões de indianos vivem em densas áreas urbanas.

As autoridade­s enfrentam desafios para fazer valer a quarentena que entrou em vigor em 25 de março. Como o confinamen­to fechou as portas do comércio, muitos trabalhado­res migrantes ficaram desemprega­dos e decidiram voltar para suas vilas de origem.

No entanto, a maioria não conseguiu viajar e ficou presa em grandes cidades, longe de suas aldeias. Alguns embarcaram em viagens a pé para chegar a suas casas. Muitos recorreram a ônibus lotados e caronas na boleia de caminhões, aumentando o risco de contaminaç­ão.

Na ocasião, Modi chegou a pedir desculpas pela falta de planejamen­to do governo. Ontem, no entanto, o premiê estava mais otimista. “Se tivermos paciência, derrotarem­os o coronavíru­s”, disse.

“Se você olhar apenas economicam­ente, tem sido caro, mas você não pode colocar um preço na vida. Se tivermos paciência, derrotarem­os o vírus”

Narendra Modi

PRIMEIRO-MINISTRO DA ÍNDIA

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