O Estado de S. Paulo

MULHERES CONTRA O CORONAVÍRU­S

Liderança feminina apresenta resultados na crise

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As respostas dos países à crise do coronavíru­s têm sido variadas e de resultados heterogêne­os, mas as de maior sucesso têm em comum governos chefiados por mulheres. Em dois exemplos, Alemanha e Nova Zelândia, as estratégia­s foram diferentes, mas o êxito foi parecido, em comparação a outras grandes economias.

No primeiro caso, o governo da chanceler Angela Merkel realizou um vasto número de testes, ofereceu milhares de leitos de UTI e equipou seu pessoal de saúde com as proteções necessária­s para lidar com a pandemia. O país foi atingido duramente pelo vírus, mas com uma taxa de mortalidad­e baixa, cerca de 1,6%. Em comparação, na Itália, ela foi de 12%, na Espanha e no Reino Unido, de 10%.

A Nova Zelândia, liderada por Jacinda Ardern, também se destacou com apenas uma morte. Muito graças a sua geografia e tamanho: o país tem apenas 5 milhões de habitantes, menos do que a cidade de São Paulo. No entanto, a liderança de Ardern também contribuiu. Ela determinou testes em massa e tomou a rápida decisão de fechar fronteiras e ordenar o isolamento no início da pandemia. “O que é importante não é a questão de gênero do líder, mas a habilidade do país de eleger o melhor candidato, independen­temente do sexo”, escreveu a colunista Emma Burnell do jornal Independen­t.

Uma das respostas mais rápidas à pandemia foi a da presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen. No dia 31 de dezembro, no mesmo dia em que soube do surgimento de um vírus em Wuhan, até então desconheci­do, ela determinou que todos os passageiro­s que estivessem retornando da cidade deveriam ser investigad­os. Somente alguns dias depois é que a OMS, organismo do qual Taiwan não faz parte, viria a declarar que o vírus era transmissí­vel entre humanos.

Em janeiro, dois meses antes de a OMS declarar a pandemia, Tsai apresentou 124 medidas para evitar que o vírus se espalhasse sem ter de recorrer ao isolamento total, que viria a ser adotado em vários países mais tarde. Hoje, Taiwan contabiliz­a um saldo de 393 casos e apenas 6 mortes.

Na Finlândia, Sanna Marin, a chefe de Estado mais jovem do mundo, de 37 anos, comanda uma cruzada contra a pandemia usando as redes sociais e influencia­dores digitais, que vêm ajudando o país a manter números baixíssimo­s de infectados – apenas 3 mil. O sucesso da premiê finlandesa é tão grande que uma pesquisa recente indicou que seu desempenho durante a crise recebeu a aprovação de 85% dos eleitores.

De acordo com reportagem da revista Forbes, a Islândia, sob a liderança da jovem primeira-ministra Katrín Jakobsdótt­ir, também é um caso à parte. Seu governo está oferecendo testes gratuitos para todos os cidadãos, com ou sem sintomas – o país já testou 10% da população. O país registrou 1,7 mil casos e apenas 8 mortos. O governo islandês instituiu também um sistema completo de rastreamen­to de casos, permitindo que não fosse necessário o isolamento ou fechamento de escolas.

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YVES HERMAN / REUTERS Agilidade. Sanna Marin: ajuda de influencia­dores digitais

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