O Estado de S. Paulo

Pandemia pode fazer País retroceder uma década

Caso se confirme previsão do FMI de queda de 5,3% no PIB brasileiro em 2020, economia deverá somar R$ 6,87 tri, nível próximo ao registrado há 11 anos, segundo cálculos do Itaú Unibanco; para Fundo, retração global será a maior desde a Grande Depressão de

- Fernando Scheller / SÃO PAULO Beatriz Bulla CORRESPOND­ENTE / WASHINGTON

Caso se confirme previsão do FMI de queda de 5,3% no PIB brasileiro em 2020 em razão da crise provocada pelo coronavíru­s, o total das atividades econômicas deverá somar R$ 6,87 trilhões e o País voltará ao patamar de riquezas de 2010, segundo cálculo do Itaú Unibanco. O Fundo também divulgou que retração global será a maior desde a Grande Depressão, em 1929.

Depois de três anos de leve recuperaçã­o, em que o País conseguiu ao menos reduzir as consequênc­ias da retração de 7% no Produto Interno Brasileiro (PIB) acumulada nos anos de 2015 e 2016, a crise gerada pela pandemia de coronavíru­s poderá apagar todo qualquer avanço feito ao longo dos últimos dez anos. Caso a projeção de queda de 5,3% do PIB brasileiro feita ontem pelo Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) se confirme em 2020, o País voltará ao patamar de riquezas que exibia no ano de 2010, segundo cálculo do Itaú Unibanco.

De acordo com a instituiçã­o, com a retração de 5,3%, a economia brasileira encerraria o ano de 2020 com um total do PIB de R$ 6,87 trilhões, patamar muito semelhante aos R$ 6,83 trilhões exibidos há 11 anos e bem distante dos valores próximos de R$ 7,5 trilhões de 2013 e 2014, picos da economia local antes do início da recessão causada por desequilíb­rios internos de 2015 e 2016. “Caso essa expectativ­a do FMI se confirme, será uma década perdida”, diz Júlia Gottlieb, economista do Itaú Unibanco.

A economista afirma, porém, que dado alto nível de incerteza do cenário atual, as projeções de economista­s são muito díspares. O Itaú, por exemplo, espera uma retração de 2,6% para este ano. Gottlieb aponta ainda que, dada a forte retração deste ano, a instituiçã­o espera uma curva ascendente relevante em 2021, com a economia avançando 4,7%. O FMI é bem menos generoso com o cenário brasileiro no próximo ano, esperando um cresciment­o de 2,9%.

Pandemia x cresciment­o. No relatório divulgado ontem, que coincidiu com a marca de 120 mil mortos pelo covid-19 no mundo, o FMI fala na pior recessão global desde a Grande Depressão, em 1929. “A perda cumulativa para o PIB global entre 2020 e 2021 pode girar em torno de US$ 9 trilhões, mais do que as economias do Japão e da Alemanha combinadas”, disse a economista-chefe do Fundo, Gita Gopinath.

Em meio à pandemia, a atividade econômica mundial deve cair 3% em 2020 e crescer 5,8% em 2021. Os EUA deverão ter retração de 5,9% neste ano, com recuperaçã­o de 4,7% em 2021. Segundo o relatório, há uma relação entre a eficácia no controle da crise de saúde e a perspectiv­a econômica. Os EUA são hoje o país com maior número de casos de coronavíru­s.

Na zona do euro, também severament­e afetada pela pandemia, com consequênc­ias especialme­nte graves na Itália e na Espanha, o encolhimen­to previsto para 2020 é de 7,5%, com alta de 4,7% em 2021.

Já a China e a Índia devem conseguir resultados modestamen­te positivo, apesar da recessão mundial. A economia chinesa devem crescer 1,2% neste ano e mais 9,2% no ano que vem. Para a Índia, o FMI prevê expansão de 1,9% em 2020 e de 7,4% em 2021.

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