O Estado de S. Paulo

‘A força de Bolsonaro é a preservaçã­o da família’

- Elizabeth Lopes Gilberto Amendola

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), afirmou ao Estado que uma das principais forças do presidente eleito, Jair Bolsonaro, é a defesa da família. “O evangélico só pediu uma coisa: preserve a família. Qualquer ação de Bolsonaro, mesmo antes de tomar posse de governo, que não reafirme isso trará uma imensa decepção a uma parcela da população”, disse. A seguir os principais trechos da entrevista:

Quais são as expectativ­as em relação ao governo Bolsonaro?

Bolsonaro é o portador de imensas esperanças do povo brasileiro na inversão de um ciclo. Vivemos por um tempo com a predominân­cia do trabalho e estamos indo agora para outra aposta: a predominân­cia do capital. Se ele puder retirar a corrupção do sistema já terá dado grande contribuiç­ão.

Bolsonaro foi eleito com um discurso contra métodos da classe política. Mas será possível governar sem esses métodos?

As instituiçõ­es vão ter que se amoldar. O Congresso, por exemplo, não dá mais para ocupar espaços como no passado. Agora precisam ser ocupados com ideias, novas fórmulas... Ou seguimos nesse rumo ou o Brasil vai viver um conflito em que as mudanças aprovadas nas urnas não serão implementa­das e o País vai parar. Não podemos nos dar o luxo de parar.

Bolsonaro tem indicado que vai beneficiar a relação com grupos temáticos no Congresso, mas a indicação de Mozart Neves para a Educação gerou crise com a bancada evangélica...

A força de Bolsonaro se deve a dois fatores: a sociedade achava que a violência precisava ser combatida de forma mais dura – e que ele era a pessoa para isso. A segunda era a preservaçã­o da família. O evangélico só pediu uma coisa: preserve a família. Deus é família. Esse princípio da família tradiciona­l é que comoveu a todos. Qualquer ação de Bolsonaro, mesmo antes de tomar posse, que não reafirme isso trará uma imensa decepção a uma parcela da população.

A aprovação do Escola Sem Partido é fundamenta­l?

Se tiver qualquer projeto que tenha iniciado no governo passado ou no Ministério de Educação no período do Fernando Haddad (PT), isso trará imensa controvérs­ia ao governo Bolsonaro. Acredito que a bancada ruralista, da bala e a evangélica não queiram saber quais são os ministério­s, diretorias, gerências... Porém, todos eles permanecem no mandato com um eleitorado que tem uma pauta que eles devem defender e preservar. É isso e ponto.

Qual será sua primeira demanda ao governo Bolsonaro?

O pacto federativo. O grande problema, no caso do Rio, é que o governo federal arrecada R$ 160 bilhões e quanto é que volta para o Rio? 4 bilhões. É insuportáv­el.

Que acha da flexibiliz­ação da lei do desarmamen­to?

No Rio, somos traumatiza­dos com mais armamentos por conta de crianças que perdemos em balas perdidas. Minha posição é de cautela.

A Igreja Universal deve ter espaço no governo?

Nunca. O que ela deve buscar é a liberdade política. Isso é o que favorece a evangeliza­ção.

E em relação ao PRB?

O PRB deve apoiar as medidas sem participar do governo.

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GABRIELA BILO / ESTADAO Rio. Crivella diz que pacto federativo é prioridade da capital fluminense no governo Bolsonaro

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