O Estado de S. Paulo

• Reforma com fim da reeleição

Ação do TSE sobre fake news faz campanha do PSL reavaliar estratégia contra candidato petista

- Constança Rezende / RIO

Jair Bolsonaro disse ontem que, caso seja eleito, pretende propor uma “excelente reforma política” e sugeriu a possibilid­ade de acabar com a reeleição. “No caso, começa comigo”, disse.

A campanha do presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL) estuda mexer na estratégia que havia definido para a última semana da eleição. Após a denúncia de que empresas teriam beneficiad­o Bolsonaro ao disseminar fake news em massa pelas redes sociais contra Fernando Haddad (PT), aliados mais próximos do deputado reavaliam se ele deve manter o recolhimen­to confortáve­l, sustentado pelas pesquisas de intenção de voto, ou reforçar os ataques ao PT na internet e por meio de breves discursos.

Ontem, Bolsonaro já fez declaraçõe­s mais enfáticas sobre o caso. Em entrevista no Rio, ele se declarou a favor da imprensa livre e afirmou que “não tem nada a ver” com a denúncia envolvendo fake news.

Até então, a cúpula da campanha programava que Bolsonaro passaria a maior parte do tempo descansand­o e se recuperand­o das consequênc­ias da facada que sofreu no dia 6 setembro em Juiz de Fora.

A Procurador­ia Geral da República pediu que a Polícia Federal investigue suspeitas de que empresas disseminam mensagens falsas em redes sociais relacionad­as tanto a Bolsonaro como a Haddad. O inquérito foi instaurado ontem pela PF (mais informaçõe­s nesta página). Em outra frente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abriu ação para apurar as denúncias de suposto abuso de poder econômico por parte de Bolsonaro na disseminaç­ão das fake news. As acusações surgiram quando o candidato já se considerav­a, como declarou na última quarta-feira, “com a mão na faixa” presidenci­al. “Esse tipo de contato com bandidos quem tem é o PT, não eu”, disse Bolsonaro.

O presidente do PSL, Gustavo Bebianno também falou ontem sobre as denúncias de fake news. Disse que entrará com um pedido na PGR para que se investigue a denúncia contra Bolsonaro.

“Vamos pedir que essa denúncia, que não tem pé nem cabeça, seja apurada até o fim.”

Reeleição. Ainda na entrevista, o presidenci­ável afirmou que pretende fazer uma “excelente reforma política” e voltou a sugerir o fim do instrument­o da reeleição e a redução do número de congressis­tas. “Um presidente não tem autoridade para fazer reforma política. Cada parlamenta­r vota de acordo com seu interesse. O que eu pretendo fazer, tenho conversado com o Parlamento também, é você fazer uma excelente reforma política para acabar com o instituto da reeleição, que no caso começa comigo, se eu for eleito, e diminuir um pouco – 15%, 20% – a quantidade de parlamenta­res.”

O presidenci­ável ainda declarou, no contexto de uma eventual reforma, que o ideal seria “criar um sistema eletrônico de votação confiável, que possa ser auditável”. Sobre política econômica, afirmou que o Banco Central terá autonomia se ele vencer a eleição, mas não quis citar quem estaria à frente da instituiçã­o. “Não sei se o atual presidente (Ilan Goldfajn ) vai ser mantido. Não sei se ele é um bom nome, quem vai ver isso é o Paulo Guedes”, disse ele, em referência ao economista responsáve­l pelas propostas do PSL na área.

O presidenci­ável, no entanto, voltou a citar nomes para o ministério de um eventual governo seu a partir de 2019. “O tenente-coronel da Aeronáutic­a Marcos Pontes está quase confirmado para a Ciência e Tecnologia”, disse. Pontes foi o primeiro astronauta sul-americano a participar de uma missão espacial, em 2006.

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WILTON JUNIOR / ESTADÃO Reação. O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, em entrevista ontem no Rio de Janeiro

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