‘NÃO SE PODE TRANSPOR O PONTO DE RUPTURA’
Vários empresários conhecidos por suas ligações com o PT recusaram-se a falar à coluna sobre a disputa presidencial. Oded Grajew, criador da fábrica de brinquedos Grow e um dos idealizadores do Fórum Social Mundial – também presidente da Oxfam Brasil e presidente emérito do Instituto Ethos –, dispôs-se a falar do cenário nacional, mas sem personalizar as candidaturas.
Na polarização entre Bolsonaro e Haddad, o que ele espera para o País? “Vivemos diferenças políticas acirradas”, admitiu, “mas há um ponto de ruptura que ninguém pode transpor. O desafio, depois da eleição, é restabelecer a comunicação entre lados antagônicos – e nisso nós, empresários, podemos e devemos cooperar”. Mas o empresário admite que “as eleições estão nos legando uma sociedade rompida, dividida, uma enorme intolerância”.
Essa radicalização da campanha vai deixar marcas? “Não haverá tolerância se na luta dos partidos, cuja lógica é o poder, os grupos se tratarem como inimigos e não como adversários”. E essa divisão, adverte, “abre um caminho perigoso”. É um risco que acontece na política tanto quanto em uma empresa, uma família, e leva à destruição. Isso temos de trabalhar para evitar.”
Os empresários estariam dispostos a entrar nessa causa? “Tenho participado de várias reflexões de grupos na sociedade, para enfrentar a questão de como melhorar o País”, avisa, acrescentando que uma parte deles, uma minoria, se preocupa, sim, com temas sociais, políticos, ambientais. “E eles precisam “usar sua força para restabelecer o diálogo”. Sobre quais temas? “Restaurar a confiança, gerar empregos, cuidar da saúde, educação.” As campanhas debateram os temas que deviam debater? “Eu diria que não houve propostas, mas agendamentos. Falou-se contas públicas, de mexer com a Previdência, o excesso de partidos”. Otimista ou pessimista quanto a 2019? “Temos de ver as crises como uma oportunidade de solução, de cura, de uma saída positiva.”