O Estado de S. Paulo

Phillipe Decouflé traz ‘Nouvelles Pièces Courtes’ a São Paulo

Com uma trajetória que passa por várias artes, o conhecido artista francês mostra seu espetáculo no Teatro Alfa, em SP

- Fernanda Perniciott­i ESPECIAL PARA O ESTADO

Um mágico ilusionist­a que encanta plateias. Phillipe Decouflé passou a ser conhecido assim, desde que, em 1990, criou Triton, e a partir daí se manteve no topo das bilheteria­s mundo afora, com longas temporadas e muitos admiradore­s. O artista francês chega ao Teatro Alfa com seu trabalho mais recente, Nouvelles Pièces Courtes (Novas Peças Curtas), desta sexta, 31, a domingo, 2, como segunda atração da Temporada de Dança 2018.

A trajetória multifacet­ada do francês conta com a passagem pela Escola Nacional de Circo, em Paris, os interesses pelo clown, a mímica, o cinema, além da formação com grandes nomes da dança moderna, como Merce Cunningham e seu grande mestre, Alwin Nikolais, de quem afirma ter herdado o interesse pelos efeitos tecnológic­os e inovações cênicas: “Ele não era apenas um coreógrafo, mas alguém que tentava compor um mundo visual e sonoro”, explica Decouflé, em entrevista, por telefone. Mas ele diz propor outros caminhos: “Tento ir em novas em direções”.

Parte da estabilida­de de sua trajetória (está à frente da DCA – Decouflé Compagnie des Arts, desde 1983) remete ao contexto artístico francês. “A França é um dos únicos lugares onde o governo dá subsídio para cias de dança, teatro, música, e para pesquisas”, explica o artista.

Em Nouvelles Pièces Courtes, o público terá contato com o que há de mais emblemátic­o na trajetória do coreógrafo, que é a mistura de diferentes referência­s, que vão desde a relação entre movimento e música, ao som de Vivaldi, à homenagem à memória de sua mãe, a uma viagem ao universo do Japão e às relações entre virtualida­de e realidade, sempre com vídeos e projeções e jogos de luz: “É um espetáculo feito de 5 peças diferentes, com 7 pessoas no palco. Todo mundo também é ator, cantor, músico, acrobata”.

A opção pelas cenas curtas caracteriz­a a sua produção: “Meu gosto pelo formato curto vem do rock, com suas obras musicais breves e eficazes”. A referência do rock vem da adolescênc­ia. “Eu era roqueiro e, ao fazer meus primeiros trabalhos, percebi que havia muita energia nessa música. Queria trazer para a dança a mesma energia que sentia nesse tipo de música”. Hoje, aos 57 anos, prefere música clássica.

As críticas pelo que foi reconhecid­o como um “apelo popular”, apoiadas em algumas afirmações do artista sobre o desejo de criar trabalhos que dialoguem com crianças, que transporte­m o público a outros mundos e produzam felicidade, parecem não atingir Decouflé. “Sempre componho com o que gosto de mostrar. Fico feliz que as pessoas se divirtam. Acho que há diferentes níveis de compreensã­o do trabalho, porque são muitas as histórias. O meu trabalho é o trabalho que gostaria de ver, e não tenho nenhum problema com isso”, conta o coreógrafo.

A popularida­de do artista não ficou restrita ao universo da dança. Decouflé assinou, por exemplo, as cerimônias de abertura e encerramen­to dos Jogos Olímpicos de Albertvill­e (1992), do 50.º aniversári­o do Festival de Cinema de Cannes (2001) e para o espetáculo Íris, do Cirque du Soleil (2011), entre outros eventos.

Uma curiosidad­e da DCA é a história de Julien Ferranti, bailarino da cia que nasceu no Brasil, em 1990, mas foi levado para a França, ainda pequeno. “Estou muito animado em ir ao Brasil, porque nasci lá e voltei duas vezes, desde a minha adoção”, diz. E afirma ter grandes expectativ­as sobre o público brasileiro, que, segundo ele, “tem a reputação de ser caloroso”.

Decouflé também tem grandes expectativ­as. “Todos na minha cia estão muito animados. Espero que as pessoas venham nos ver. Esse é o meu desejo.”

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CHARLES FREGER Energia. Estreia hoje, dia 31

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