Com Repetro, setor externo tem déficit de R$ 4,4 bilhões em julho
Após quatro meses consecutivos fechando no azul, a conta de transações correntes voltou a ficar negativa em julho. Segundo o Banco Central, o Brasil registrou déficit de US$ 4,43 bilhões no mês passado em suas relações com o exterior. Foi o pior resultado para um mês de julho desde 2015, quando houve déficit de US$ 5,69 bilhões.
Esse rombo na conta corrente reflete as transações do Brasil com outros países nas áreas comercial (exportações menos importações), de serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (pagamento de juros, remessas de lucros e transferências). De acordo com o BC, boa parte do déficit se deve ao registro de importações de plataformas de petróleo no mês passado, que teve efeito líquido de US$ 2 bilhões no resultado.
No mês passado, o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) já havia informado que o Repetro – regime fiscal aduaneiro ligado ao setor de petróleo e gás – teria impacto na balança comercial. Na prática, o programa passou a dar benefício tributário para as empresas que nacionalizarem bens que estão hoje em subsidiárias no exterior, como plataformas de petróleo. Com o resultado de julho, o déficit em transações correntes acumulado no ano atingiu US$ 8 bilhões.
Apesar do déficit, o Brasil segue recebendo Investimento Direto no País (IDP) este ano – o que equivale aos aportes que são feitos por estrangeiros no setor produtivo. Em julho, o País recebeu US$ 3,9 bilhões. No acumulado do ano até julho, já são US$ 33,77 bilhões. O resultado de julho ficou levemente abaixo do que esperava o próprio BC (US$ 4 bilhões).
Para o economista da Brasil Investimentos & Negócios (Brain), André Sacconato, os dados refletem a incerteza eleitoral e indicam que as previsões de que o Brasil receberia investimentos ao redor de US$ 60 bilhões em 2018 podem não se concretizar. “O que estamos vendo entrar é para manutenção de investimentos iniciados.”