O Estado de S. Paulo

Temer desiste de concessões de ferrovias e aeroportos

Infraestru­tura. Segundo ministro dos Transporte­s, plano agora é encaminhar os projetos de forma a torná-los ‘irreversív­eis’, para serem concedidos em 2019; entre as estradas, a única que tem chance de sair ainda este ano é a Rodovia de Integração do Sul

- André Borges Lu Aiko Otta / BRASÍLIA

O governo Temer admite que boa parte de seus projetos de concessão de infraestru­tura na área de transporte­s não vai sair do papel neste ano. A lista de leilões frustrados inclui 12 aeroportos, 4 ferrovias e pelo menos 6 trechos de rodovias. O objetivo agora é deixar os projetos numa “fase irreversív­el”, ou seja, encaminhad­os para que sejam concedidos em 2019. Sem esses empreendim­entos, a atual gestão deixará de anunciar pelo menos R$ 64 bilhões em investimen­tos.

Após meses de promessas e constantes revisões de cronograma­s, o governo jogou a toalha e já admite que boa parte de seus projetos de concessão de infraestru­tura na área de transporte­s não vai sair do papel neste ano. A lista de leilões frustrados inclui, por exemplo, 12 aeroportos, 4 ferrovias e pelo menos 6 trechos de rodovias. Com esses empreendim­entos praticamen­te fora da agenda de 2018, o governo Temer deixará de anunciar a contrataçã­o de pelo menos R$ 64 bilhões em investimen­tos.

Sem perspectiv­as de cumprir prazos que havia anunciado, o governo mudou o tom do discurso. O objetivo agora é deixar os projetos numa “fase irreversív­el”, ou seja, encaminhad­os para que sejam concedidos em 2019. “Todo mundo cobra prazos. Mas o que estamos querendo é deixar a coisa irreversív­el, independen­temente de sair ou não este ano”, diz Valter Casimiro, ministro dos Transporte­s.

O objetivo agora, diz Casimiro, é avançar com o envio dos editais para o Tribunal de Contas da União e, a partir daí, publicar o que for possível, para só então se pensar em uma futura data de leilão. “Muitas vezes somos cobrados por prazo, sob o argumento de que teria de sair este ano e ser publicado pelo presidente, mas não vamos fazer nada de forma atabalhoad­a.”

Na área de ferrovias, subiram no telhado as concessões de novos trechos, como a Norte-Sul, entre Tocantins e São Paulo, o Ferroanel de São Paulo, a Ferrogrão, em Mato Grosso, e a Fiol, na Bahia. Nos aeroportos, os 12 que estão para ser concedidos tiveram seus estudos e minuta de edital já encaminhad­os ao TCU, mas dificilmen­te serão objeto de leilão neste ano, dado que a corte de contas tem pelo menos 45 dias para analisar o material, prazo que é sempre renovado se há falta de informaçõe­s.

A única certeza de concessão para este ano na área de transporte­s, portanto, é a oferta da Rodovia de Integração do Sul (RIS), que tem leilão marcado para 1.º de novembro, com expectativ­a de que haja boa competição. O governo conta ainda com a realização de um leilão de terminais portuários em 28 de setembro, mas é grande o risco de este certame dar resultado vazio, uma vez que o governo não alterou as margens de retorno do investimen­to. Fixada em 8,03% ao ano, ela afastou investidor­es dos terminais de Paranaguá (PR) leiloados em julho.

Para Casimiro, não há razão para pressa e não se pode abrir mão da lisura do processo apenas para que as concessões saiam ainda neste governo. “Sou técnico da casa, sou um funcionári­o de carreira do Dnit (Departamen­to Nacional de Infraestru­tura de Transporte­s).

Não dá para você trabalhar com prazo eleitoral e comer outras etapas que garantam competitiv­idade.”

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