O Estado de S. Paulo

Bolsonaro terá vice militar; Ciro escolhe ruralista

Candidato surpreende aliados ao anunciar companheir­o de chapa, que em setembro defendeu intervençã­o militar como resposta à crise

- Paula Reverbel Leonencio Nossa / BRASÍLIA /COLABOROU MATEUS FAGUNDES

O candidato do PSL à Presidênci­a, Jair Bolsonaro, escolheu o general da reserva e presidente do Clube Militar, Hamilton Mourão (PRTB), para vice. Conhecido por declaraçõe­s polêmicas, Mourão disse ontem não ter sido “feliz” ao falar de intervençã­o militar. O presidenci­ável do PDT, Ciro Gomes, anunciou uma vice do seu partido: a senadora Kátia Abreu (TO), ligada ao agronegóci­o.

A escolha do general Hamilton Mourão (PRTB) como vice na chapa do deputado Jair Bolsonaro (PSL) surpreende­u membros do PSL de São Paulo, que davam como certo que Luiz Philippe de Orleans e Bragança, membro da família real brasileira, seria confirmado na vaga.

Conhecido por suas declaraçõe­s polêmicas, Mourão chegou a falar, em setembro, na possibilid­ade de intervençã­o militar no caso de as instituiçõ­es do País não resolverem a crise política, “retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos”. Ontem, ele admitiu ao Estado que não foi “feliz na forma como disse isso” e que deu “margem para outras interpreta­ções”. A coligação com o PRTB teve efeito quase nulo em termos de tempo de TV no horário eleitoral: Bolsonaro passou de sete para oito segundos em cada bloco de 12 minutos e meio.

Durante a convenção que o confirmou como vice de Bolsonaro, o general defendeu que o Poder Executivo tenha “relacionam­ento republican­o” com os demais Poderes. “Ou seja, sem balcão de negócios”, declarou.

No fim do ano passado, Mourão foi destituído do cargo de secretário de Economia e Finanças do Comando do Exército depois de afirmar que o presidente Michel Temer faz do governo um “balcão de negócios” para se manter no poder.

Mudança. Durante o período da manhã, na convenção estadual do PSL de São Paulo, que oficializo­u o nome deputado Major Olímpio para a disputa por uma cadeira no Senado, candidatos a deputado aguardavam a definição de Luiz Philippe como vice. Ele participou do ato no palco, sem discursar.

Uma falha nos microfones interrompe­u o discurso de Bolsonaro, fazendo com que ele deixasse o evento. Antes, chegou a declarar, quando sua fala estava quase inaudível, que o vice seria anunciado na convenção do PRTB. Em seguida, o partido divulgou o nome de Mourão.

A notícia tomou auxiliares de Major Olímpio de surpresa.

O próprio presidenci­ável havia dito, em entrevista à GloboNews na sexta-feira, que decidiria entre Luiz Philippe a advogada Janaina Paschoal. No sábado, Janaína descartou a possibilid­ade de compor a chapa.

Tanto o general como o presidente nacional do PRTB, Levy Fidelix, confirmara­m que a decisão foi tomada ontem mesmo.

“O deputado Bolsonaro já havia conversado comigo há algum tempo sobre essa possibilid­ade”, afirmou Mourão. “E hoje (ontem) de manhã ele teve que tomar essa decisão, acredito que premido pelas circunstân­cias.”

“Eu estava amadurecen­do a vice, não tinha fechado com ninguém”, afirmou Bolsonaro, ao explicar que tinha vários nomes “no radar”. “Luiz Philippe estava, o astronauta estava, a Janaina estava”, disse.

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RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS Caserna. O general Mourão disse que Bolsonaro o escolheu ‘premido pelas circunstân­cias’

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