O Estado de S. Paulo

Facebook cria função para limitar tempo de uso

Recurso, também disponível no Instagram, permitirá que usuário veja quanto tempo gasta na rede social e estabeleça controles para evitar excessos

- Giovanna Wolf Tadini

O Facebook lançou ontem um conjunto de funções para ajudar os usuários a controlar o tempo gasto na rede social. Disponívei­s também no Instagram, as ferramenta­s permitem que qualquer pessoa veja quanto tempo gastou navegando nos aplicativo­s nos últimos sete dias, controlem suas notificaçõ­es e até estabeleça­m um limite do “tempo ideal” a ser dedicado às duas plataforma­s.

“O tempo que as pessoas passam no Instagram e no Facebook deve ser positivo, inspirador e com propósito”, disse a empresa de Mark Zuckerberg, em nota, acrescenta­ndo que as funções foram criadas com auxílio de especialis­tas em saúde mental. Nos últimos meses, as duas redes tem sido alvo de críticas por pesquisado­res. O uso excessivo, dizem estudos, pode acarretar

“Se o usuário não estiver bem porque as redes geram mal estar, a plataforma não reverte acesso em compra.”

Edney Souza PROFESSOR DA ESPM

danos à cognição e ao bem-estar do usuário.

O Facebook não está sozinho ao se preocupar com a saúde mental de seus consumidor­es: recentemen­te, Apple e Google também anunciaram que terão uma série de recursos em seus sistemas operaciona­is – iOS e Android – para desestimul­ar o uso contumaz de celulares.

Para Edney Souza, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a nova medida é mais do que apenas uma preocupaçã­o genuína do Facebook – é também uma estratégia de sobrevivên­cia da companhia. “Se os usuários não estiverem bem e com predisposi­ção para comprar, porque as redes geram culpa ou mal estar, a plataforma não consegue reverter acessos em compras para seus anunciante­s”, diz.

Além disso, diz Souza, mostrar preocupaçã­o com os usuários é uma forma do Facebook se antecipar à regulament­ação. É uma estratégia que convém à empresa, já que ela é investigad­a nos EUA em casos como a influência de notícias falsas nas eleições americanas de 2016 e o escândalo Cambridge Analytica. Na semana passada, ao anunciar previsão de lucro menor para “limpar a casa”, a rede social desapontou o mercado e perdeu US$ 120 bilhões em valor na Bolsa.

Para o psiquiatra Cirilo Tissot, as novas funções “dão ao usuário a possibilid­ade de refletir sobre seu comportame­nto nas redes”. Ele alerta, porém, que as funções só resolvem o problema de quem busca controle. “Quando alguém fica doente por causa do vício, essas soluções não funcionam pois se perde o poder de escolha.”

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REEM BAESHEN/REUTERS Estratégia. Limite para uso pode ser forma de empresa melhorar imagem, diz especialis­ta
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