O Estado de S. Paulo

Mulheres são só 9% em conselhos no Brasil

Perfil de grupos que ajudam empresas a tomar decisões estratégic­as é homogêneo e marcado por forte viés financeiro, de acordo com estudo

- Renata Batista / RIO

A falta de diversidad­e é o maior desafio nos conselhos de administra­ção das maiores empresas do Brasil, segundo estudo feito pela consultori­a SpencerStu­art. O levantamen­to, que compara a realidade das companhias brasileira­s a empresas de outros 20 países, mostra que a participaç­ão de mulheres como titulares e suplentes de conselhos não chega a 10% no País.

O presidente da SpencerStu­art no Brasil, Fernando Carneiro, diz que há iniciativa­s para promover a diversidad­e, principalm­ente de gênero, mas elas são dificultad­as pelo predomínio de profission­ais de áreas em que a presença feminina é menor, como a financeira, e a exigência de experiênci­a. “Há uma inércia negativa nessa questão da experiênci­a que precisamos superar”, disse o executivo ao Estadão/Broadcast.

O estudo, que analisou 187 empresas listadas em Bolsa, mostrou que a presença de mulheres nos conselhos de administra­ção aumentou 15% em 2017, em relação ao ano anterior. Apesar disso, o País tem apenas dez mulheres presidente­s de conselho e a participaç­ão feminina – 9,4% – é equivalent­e a menos da metade da média internacio­nal, de 24,1%.

No quesito nacionalid­ade, o levantamen­to revela que apenas um terço das empresas tem estrangeir­os nessas vagas. Eles representa­m 8,3% do total de conselheir­os no País e 14% dos novos indicados no ano passado. Em outros países, a média é

de 27%. “A próxima discussão é a diversidad­e étnica. Nesse ponto, o Brasil também tem muito a melhorar”, diz Carneiro.

A mudança de hábitos, porém, encontra obstáculos. Segundo a copresiden­te da organizaçã­o Women Corporate Directors (WCD), Leila Loria, a meta é que todos os recrutador­es assumam o compromiss­o de incluir ao menos uma mulher entre os indicados. Embora as companhias não sejam mais explícitas em relação a preconceit­os, Leila diz que elas “recebem uma lista, só escolhem homens e não sabem verbalizar razões”.

Mentores. Para superar essas barreiras, o WCD e o Instituto Brasileiro de Governança Corporativ­a (IBGC) desenvolve­ram um programa de monitoria para conselheir­as, que já está na terceira turma. Alguns dos principais conselheir­os do País, como Pedro Passos, Raul Calfat e Fábio Barbosa, dedicam seu tempo para preparar as 27 selecionad­as entre 127 inscritas.

O interesse foi grande: na última seleção, foi preciso abrir vagas extras. “Escolhemos homens como monitores de propósito. Queremos que eles sejam agentes de mudança”, conta a copresiden­te da WCD.

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INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO FONTE: SPENCERSTU­ART

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