O Estado de S. Paulo

PDT de Ciro dá apoio a França em SP

Com o gesto, pedetistas tentam atrair PSB, partido do governador, para compor aliança nacional; presidenci­ável diz que é antagônico a Lula

- Marcelo Osakabe Gilberto Amendola

O PDT, partido do candidato à Presidênci­a Ciro Gomes, declarou ontem apoio à candidatur­a à reeleição do governador de São Paulo, Márcio França, do PSB. A legenda de Ciro tenta no plano federal fechar um acordo com o PSB, que está dividido e trabalha também com hipóteses como a da neutralida­de na campanha presidenci­al, apoio a um candidato do PT e até ressuscita­r a tese de candidatur­a própria.

Na capital paulista, Ciro afirmou que é também “antagônico” ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato. O pedetista voltou a ser questionad­o sobre as declaraçõe­s que deu a uma emissora de TV do Maranhão no dia 16. Na ocasião, conforme publicou o Estado, ele disse que Lula “só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder e organizar a carga”. “Botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político.”

Na saída da convenção estadual do PDT, Ciro disse se considerar um prodígio “por ter feito a imprensa requentar uma entrevista”. “O resto é intriga. Esses jornalões acham que vão me intrigar porque uma parte do baronato que eles frequentam é hostil ao Lula. E eu sou antagônico ao Lula também. Sou candidato contra o candidato do PT e tenho sido alvo do PT”, afirmou.

O partido do ex-presidente afirma que vai registrá-lo como candidato à Presidênci­a apesar da prisão e do potencial enquadrame­nto na Lei da Ficha Limpa, o que o tornaria inelegível.

Convenção. O PDT formalizou apoio a França em São Paulo sem que, até agora, exista um aceno do PSB sobre uma aliança nacional entre as duas legendas. França fez uma rápida aparição na convenção do PDT-SP, na Assembleia Legislativ­a. Além de Ciro, o governador está coligado no Estado a siglas dos presidenci­áveis Paulo Rabello de Castro (PSC) e Alvaro Dias (Podemos).

“Não existe mais palanque físico hoje, os debates são praticamen­te todos eletrônico­s. Eles fizeram essa escolha por mim, tenho muito gosto disso. Assim como todos que quiserem nos apoiar, vamos aceitar”, disse França.

Em troca do apoio, o PDT reivindica a indicação do nome do vice na chapa de França ou um dos candidatos ao Senado. Os cotados são os ex-prefeitos Marcelo Cândido, de Suzano, e Jorge Lapas, de Osasco.

Em seu discurso, o governador paulista chamou Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, e Ciro de “amigos” e disse que PDT e PSB são partidos “quase irmãos”. França deixou o salão da convenção quase no mesmo instante em que Ciro chegava. Os dois não se encontrara­m.

Já na saída da convenção, o ex-governador do Ceará também tratou França como um velho amigo. O candidato declarou que gostaria do apoio do PSB, mas que também está preparado se ele não vier.

A disposição do PSB em apoiar Ciro esmoreceu depois da decisão do Centrão de se coligar com Geraldo Alckmin (PSDB). Nos bastidores, pessebista­s dizem acreditar que a candidatur­a do pedetista perdeu musculatur­a, poder de cresciment­o e, portanto, viabilidad­e eleitoral.

Ainda assim, a possibilid­ade de indicar um vice para a chapa continua sendo um fator de atração do PSB. São citados o ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda e o deputado federal Luciano Ducci (PR). Os principais focos de resistênci­a ao PDT estão nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Tocantins, Rio Grande do Norte e Amapá.

 ?? TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO ?? Aceno. Governador Márcio França cumpriment­a o presidente do PDT, Carlos Lupi, durante convenção partidária; ele e Ciro não se encontrara­m no evento
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO Aceno. Governador Márcio França cumpriment­a o presidente do PDT, Carlos Lupi, durante convenção partidária; ele e Ciro não se encontrara­m no evento

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