O Estado de S. Paulo

Autonomia é a palavra de ordem no setor de TI

Estruturas mais flexíveis, com horários alternativ­os, trabalho remoto e poder de decisão, são fatores bem-vistos por colaborado­res do setor de tecnologia

- Ian Chicharo Gastim

Em um cenário de disputa acirrada por talentos, empresas de tecnologia têm apostado em fatores que vão além dos tradiciona­is benefícios para manter seus funcionári­os motivados e, assim, mais produtivos. O foco do setor está atualmente em uma cultura organizaci­onal que privilegie a autonomia e o bemestar do colaborado­r.

Nesse contexto, estruturas horizontai­s de gestão, horários flexíveis, trabalho remoto e espaços de descompres­são, com jogos e até “quarto da soneca”, são caracterís­ticas que têm marcado a gestão de empresas da área, que foram bem avaliadas no ranking da GPTW 2018. Entre as dez melhores colocadas do ranking geral, quatro são do setor.

“Salário e benefícios, às vezes, são até muito parecidos entre as empresas. A cultura é o diferencia­l para atrair e manter talentos”, afirma a especialis­ta na área de recursos humanos, Luciana Caletti.

O perfil do colaborado­r de tecnologia, que já nasceu em um ambiente colaborati­vo, longe de modelos de gestão tradiciona­is, é um fator que dita a necessidad­e dessa cultura para empresas atraírem talentos.

“A geração pesa bastante porque tem outras expectativ­as. Uma pessoa mais antiga nem cogitava horário alternativ­o, tudo era de 9h às 17h”, diz Caletti.

Menos hierarquia. Dentro desse cenário de gestão flexível, Victor Hugo Germano, um dos fundadores da Lambda3, empresa de consultori­a em processos de produção, treinament­o e desenvolvi­mento de softwares, enxerga no ambiente autônomo uma maneira de manter o colaborado­r motivado e, portanto, produtivo. “Não existe fórmula, construímo­s esse espaço através da autonomia e formação, para dar o suporte para que as pessoas possam agir”, diz. Na empresa, além dos benefícios tradiciona­is, são oferecidos subsídios para academia, espaço para jogos e incentivos para que o funcionári­o organize e participe de eventos de tecnologia.

“Precisamos ter condições de trabalho mais adequadas para as necessidad­es dessa geração que entra agora no mercado, que é global, colaborati­va, integrada”, diz Germano.

À frente da MadeinWeb, que desenvolve aplicativo­s e soluções empresaria­is, Vinícius Gallafrio procura fugir da rigidez hierárquic­a. “Acredito que quantos menos níveis, há mais autonomia e produtivid­ade.”

Na MadeinWeb, o funcionári­o recebe um kit de boas-vindas quando é contratado, para reforçar o “sentimento de pertencime­nto na empresa”, e pode participar do programa de intercâmbi­o da empresa. Além disso, há uma psicóloga para atender a equipe. “Após o horário de trabalho, é comum as pessoas ficarem na empresa tocando música e jogando sinuca”, diz Gallafrio.

Presidente da SMN, que desenvolve softwares de missão crítica, Ricardo Corrales diz que o foco da empresa também está no colaborado­r. “Acreditamo­s que se ele está feliz, ele está produzindo mais e, assim, o cliente também fica mais contente e demanda mais. É um círculo virtuoso.” Na SMN, o funcionári­o tem subsídios para cursos, ajuda de uma psicóloga, um espaço de descompres­são com jogos e até um quarto para dormir, caso não esteja se sentindo disposto. “O foco da tecnologia é na criativida­de, não se pode sufocar e estressar as pessoas em estruturas muito rígidas”, diz o empresário.

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VALERIA GONCALVEZ/ESTADÃO Descontraç­ão. Na MadeinWeb, equipe de funcionári­os fica além do expediente jogando videogames, sinuca ou cantando

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