O Estado de S. Paulo

Verissimo

- Luis Fernando Verissimo ESCRITOR E COLUNISTA DO ‘ESTADÃO’

“Crepúsculo dos Deuses” seria um título adequadame­nte wagneriano para essa Copa. Divindades caíram do pedestal.

Crepúsculo dos Deuses seria um título adequadame­nte wagneriano para essa Copa. Divindades caíram dos seus pedestais. Cristiano Ronaldo estreou espetacula­rmente, marcando os três gols que entusiasma­ram Portugal no seu primeiro jogo, contra a Espanha. Depois caiu, lamentando não jogar num time de ‘cristianos ronaldos’ que, pelo menos, lhe devolvesse­m a bola redonda como ele merecia. Messi caiu se perguntand­o “o que é que eu estou fazendo, jogando por um país que não é o meu, quando eu poderia estar em Barcelona, comendo presunto pata negra com jerez, vendo a Copa na TV e torcendo pela Espanha?” Neymar caiu do seu pedestal e rolou pelo chão, cuidando para não desmanchar o penteado, e pensando “acham que é fácil simular contusão? E os anos de laboratóri­o gestual?” Suárez caiu cantarolan­do

Saudade do Cavani. Uma categoria de deuses não exatamente caídos, mas que também já estão numa zona crepuscula­r, é a dos que se despedem sem mais pernas, mas com dignidade. Maior exemplo: Iniesta, da Espanha.

Alguns nomes que tinham nos anunciado como candidatos a deuses não decepciona­ram. O melhor deles é o Mbappé, da França. Mas, no quesito “que jogadores vistos na Copa da Rússia você gostaria de ter no seu time?”, minha escolha seria: Isco, Hazard e De Bruyne. E, se alguma alma caridosa quisesse comprar o Kane e dar para o Internacio­nal, eu não recusaria.

Sei que já falavam do Tite como candidato à presidênci­a, pois seria o único capaz de dar um jeito neste País. Mas ele também é um deus caído. Acho que deve ficar. Desde que se comprometa a escalar Douglas Costa para o jogo todo.

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