COMPRAM-SE ELOGIOS NO TWITTER
Tuítes de apoio à reeleição do presidente venezuelano, Nicolás Maduro? 350 mil bolívares. Comparecer à urna para votar em Maduro? 300 mil bolívares. Foi assim que o governo chavista tabelou a premiação em dinheiro aos venezuelanos que ajudaram na reeleição de Maduro no domingo, segundo apurou a agência Reuters. Os valores não chegam a US$ 0,35, mas representam o equivalente a um salário semanal para a maioria dos venezuelanos.
Dezenas de eleitores venezuelanos disseram nas redes sociais e em entrevistas que esperavam o “prêmio” que Maduro prometeu antes da eleição. Em um discurso de campanha, no dia 15, Maduro disse que todos os portadores do “cartão da pátria” – espécie de identidade que garante benefícios – que votaram receberiam um “prêmio da pátria, que é legal e constitucional”.
Mas, ao conferir o saldo do cartão da pátria, que concede acesso a vários programas de assistência social, muitos não encontraram o valor prometido. Cinco dias depois da eleição, a hashtag “#SinBono” (sem um prêmio) começou a circular nas redes sociais.
Opositores de Maduro, EUA, União Europeia e outros países latino-americanos denunciaram a compra de votos. O principal rival de Maduro, Henri Falcón, pediu uma nova eleição, afirmando que o governo colocou 13 mil estandes oferecendo “prêmios” perto de seções eleitorais.
“Eu não faço isso pelo prêmio. Faço por amor à minha pátria venezuelana e para defendê-la de pessoas que dizem que vivemos em uma ditadura”, disse Pedro Pérez, gerente de um albergue, um dos “tuiteiros patrióticos” que aderiram ao programa. Pérez disse que, na segunda-feira, recebeu um aviso de depósito em seu cartão da pátria. “Foi uma surpresa. Eu não sabia”, disse a usuária @cardozomaryl1, que não quis se identificar.
Na prática, as aulas passaram a se concentrar no turno da manhã.
Dos 25 professores, 18 levam uma arepa (espécie de pastel feito com a farinha de milho) extra para dar de café da manhã aos alunos mais pobres. “Todos os dias algum deles desmaia”, diz a professora. Sua escola tem 359 alunos, dos quais apenas 20% têm comparecido às aulas.
Como a energia elétrica também é praticamente gratuita, muitos colombianos que ganham em pesos preferem viver na Venezuela.
Tradicional reduto opositor, Táchira tem como governadora Laidy Gómez, eleita em 2017. O Estado foi um dos poucos a registrar protestos após a reeleição de Maduro, no domingo, em uma votação boicotada pela oposição. “Estamos começando a promover alguns atos”, disse um estudante encarregado de bloquear ruas e atacar postos policiais nas manifestações do ano passado.
Para o economista Asdrubal Oliveros, da consultoria Ecoanalítica, a crise no fornecimento de gás faz parte do colapso dos serviços públicos de forma geral. “Isso tem relação com a queda de investimento na PDVSA (estatal petrolífera) e com tarifas que não podem ser sustentadas de acordo com a realidade do mercado.”