O Estado de S. Paulo

Moro nega suspeição e usa fotos de petista com Geddel e Aécio

Após ser fotografad­o ao lado de Doria em evento, juiz anexa imagens em resposta ao pedido da defesa do ex-presidente

- Luiz Vassallo Julia Affonso Fausto Macedo

O juiz federal Sérgio Moro usou ironias e fotos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA) ao negar suspeição movida pela defesa do petista após ter posado para imagem ao lado do exprefeito de São Paulo e pré-candidato ao governo paulista pelo PSDB, João Doria.

O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, entretanto, considerou que a decisão de Moro reforça a suspeição do magistrado. “A manifestaç­ão do juiz de primeiro grau acabou por reforçar sua suspeição ao tentar comparar sua situação a fotografia­s tiradas com Lula, que é ex-presidente da República e líder político, sem os deveres inerentes à magistratu­ra”, disse em nota.

Moro apresentou uma palestra em Nova York promovida pelo Grupo Lide, empresa fundada por Doria. Um dia antes, o juiz participou do jantar anual da Brazilian American Chamber of Commerce de Nova York. Durante o evento, no qual foi premiado como personalid­ade do ano, o magistrado posou para foto com o pré-candidato.

O fato motivou a defesa de Lula a pedir que Moro fosse afastado de casos relacionad­os ao petista. A defesa sustentou que a conduta do juiz da Operação Lava Jato é “incompatív­el com a imparciali­dade e a independên­cia que se esperam de quem deverá julgar esta causa criminal”.

Ao decidir que não é suspeito para julgar Lula, Moro afirmou que Doria “não figura na diretoria da Câmara de Comércio ou no quadro executivo”. “Ocorre que, como havia recebido o mesmo prêmio no ano anterior, (Doria) esteve presente no jantar, ocasião na qual foi tirada a fotografia com o ora julgador”. O juiz ainda afirmou não ter “relação especial com João Doria Jr., nem ter agido de qualquer forma para promovê-lo eleitoralm­ente”.

Argumento. Moro ainda argumentou que “uma fotografia em evento social ou público nada significa além de que as pessoas ali presentes tiraram uma fotografia”. O magistrado indicou que “é possível encontrar, na rede mundial de computador­es, dezenas de fotos até mesmo” de Lula “com políticos oposicioni­stas, o que também não significa que, por conta da foto, eram ou se tornaram aliados políticos”, citando fotos do petista com Aécio, alvo da Operação Patmos por suposta propina de R$ 2 milhões da JBS.

“Também há fotos do excipiente (Lula) com políticos atualmente presos, o que não significa necessaria­mente que são cúmplices na atividade criminal específica”, afirmou Moro, sobre Lula, preso desde 7 de abril, ao lado de Geddel, este detido em setembro de 2017 pelo bunker de R$ 51 milhões.

Sítio. Moro suspendeu audiências no âmbito da ação penal envolvendo o sítio em Atibaia (SP), atribuído ao ex-presidente pela Lava Jato, marcadas para segunda-feira, em razão da greve dos caminhonei­ros.

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FOTOS:PF Imagem. Juiz anexou em sua decisão foto de Lula com Geddel
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FACEBOOK/JOÃO DORIA Nova York. Moro posa ao lado do ex-prefeito João Doria

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